• Existe Cura Para o Romantismo? –  Uma Crônica Sobre Decepções Amorosas
  • Existe Cura Para o Romantismo? –


    Uma Crônica Sobre Decepções Amorosas


    Ele me chamou de romântica e eu me senti patética. Ele me olhou como se quisesse me pegar no colo e me ninar. Paternidade é a pior coisa que você pode dar a alguém que quer ser a protagonista até dos seus pesadelos, enquanto vocês dormem juntos com os pés dele ciscando nos seus. Eu quase tive pena de mim mesma, mas aprendi a ter orgulho, aprendi sobre mim – o aprendizado mais difícil de uma vida, já que você morre sem se conhecer completamente. Aprendi há algum tempo que meus sentimentos são como neons piscando no rosto, e eu não queria que ele percebesse o quanto tinha me destruído. O quanto esse romantismo me incomoda. O quanto as pessoas ainda me fazem de idiota por causa dele. E o quanto eu não consigo mais proteger a minha imaginação das minhas expectativas.

    O romantismo é meu suor, e eu estou sempre correndo. Esgarça poros e tem cheiro de princesa numa torre de merda.

    Românticas são pessoas a longo prazo. Não há homem que enfrente o açúcar sem paixão. O medo que eles têm de mel no corpo, carinhos públicos, quando não se tem certeza de nada; tudo isso contrasta com a liberdade. Muitos costumam associar romantismo com claustrofobia.

    É difícil interpretar um personagem fora dos palcos. É impossível ser um coração oco socialmente, quando a única coisa que você sabe fazer antes de pensar é sentir. Eu sou isso. Só isso. Sentimento. E me entrego. Penso, porque sinto. Ou penso, quando sinto. Algo assim.

    Vi poucas vezes na minha vida pessoas sem empatia, que precisam simular que sentem alguma coisa. Psicopatinhas infiltrados nas rotinas dos comuns. Eu me preocupava com gente desse tipo, sem saber que a minha compaixão era uma idiotice pra eles. Eles não sabem sentir. Eles não são humanos. E eu sou o oposto exagerado disso tudo. Devia ter remédio pra isso. Você toma vitaminas e toma sentimentos. Uma cápsula de tristeza. Ou de alegria, dependendo do dia.

    Quando ele me chamou de patética, ainda perguntei como ele sabia. Ele, aquele homem. Aquele homem que mantinha seu foco na mulher atrás de mim. Algo que ele nem percebia. Não percebia com a razão. O neon dela dizia sexo em caps lock. O meu neon diz patética, o dela diz sexo. Com quem você transaria?

    Ele me ninou por mais alguns minutos, sem tirar os olhos dos peitos igualmente em caps lock daquela mulher e do sorriso dela, que faz até uma calcinha molhar. Ele me deu conselhos, foi meu pai e disse que eu não era brilhante. O neon sexo brilha mais do que um desenho de coração de pelúcia. Eu não sou brilhante. Sou clichê. Romântica. Patética.

    E tudo bem.


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