Viver é um eterno aprendizado. Mas é necessário que estejamos de olhos bem abertos e ouvidos bem atentos às lições – que vão muito além da fórmula de Baskhara ou da regência verbal que você aprendeu no colégio. Algumas coisas que, a princípio, parecem banais nos ensinam mais do que podemos imaginar – as religiões (pra quem é de fé), o medo superado, uma conversa com alguém mais velho, a convivência diária com pessoas diferentes de nós e – o mais poderoso – o amor. Pelo próximo, pela família, pelo parceiro, pela vida. Coisa bonita de se ver.
E tudo o que se quer é aprender com o amor – a ser mais tolerante, a dividir alegrias e tristezas, a abrir mão de certos egoísmos. Mas um dia, então, as coisas não saem tão bem como vinha acontecendo antes: aquele que você achava ser o grande amor da sua vida te pede um tempo, a pessoa mais velha que te servia como inspiração adoece, o medo te paralisa, o seu deus não atende aos seus chamados. E aí, meu amigo, cadê todo aquele aprendizado bonito conquistado ao longo da vida? Parece que some, né? Quase como passe de mágica. Por que comigo?, você se pergunta. A dor martela no peito, junto com um sentimento enorme de impotência. O mundo está ao contrário, e você reparou. Mas não pode fazer muita coisa a não ser esperar por dias melhores, certo?
Errado. As pessoas e as situações ao nosso redor nos ensinam, quase que à força, que a frustração é ruim. É sofrimento, para com isso. Negócio é se desfazer das perdas e focar na vitória, porque só ela vale a pena, amigo. E assim fazemos; assim eu faço. Mas peraí: Freud já não dizia que a frustração cria, que ela é autoestima? Desde quando a perda tem de ser ruim? Não tem. Ela é ruim a princípio – claro que é, afinal, nos mostra que não estamos no absoluto controle dos nossos destinos. Mas ela é o grande mestre das nossas vidas. É o catalisador das mudanças. Só que ninguém ensina isso pra gente, e não sabendo que é possível criar a partir da destruição, a gente sofre. Sofre achando que nada mais vai correr do jeito que a gente quer. E caímos feito patinhos nessa grande mentira.
Pode parecer resiliência, mas a verdade é que a gente tem de saber aproveitar até a escuridão, parceiro. Daquelas que só indo lá no fundo a gente acha o melhor que traz aqui dentro. Nada de passar por cima da frustração como um trator, como alguém invencível. Não somos invencíveis. Somos seres humanos passíveis de derrotas. E é com a derrota que temos bagagem para vencer de novo. Porque é o renascer, aquela luzinha lá, tá vendo? Só o renascer é que mostra: olha que bonita a tua luz, menina. Perde ela de vista, não, faz favor.