Ciúme é ruim. Quem sente ciúme está sendo possessivo. Ciúme não leva ninguém a nada. Quem nunca ouviu estas frases tão liberais, tão libertadoras e tão difíceis de se cumprir que atire a primeira pedra. Mas fato é que ciúme é mesmo um bichinho verde e malvado que se esconde na nossa alma e sai de lá quando menos a gente espera. E, o pior de tudo: sem que a gente tenha a menor ideia de como controlá-lo.
Eu mesmo tenho muito a dizer sobre isso. Sou geminiana e, se você está comigo no time que acredita neste tipo de coisa, sabe a crueldade que isso é quando se manifesta em um geminiano. Explico: somos espíritos livres. Odiamos ser controlados. Somos do mundo e para o mundo, e somos bem felizes mesmo quando estamos rodeados de gente, jogando nosso charme social para todos os lados, sendo de todos. Logo, não deveríamos nem saber o que significa sentir ciúme, já que não gostamos de ser cobrados dos nossos compromissos com o outro (que a maioria de nós cumpre muito bem, aliás). Mas somos ciumentos. Secreta e desesperadamente ciumentos.
Então vamos lá comigo (que já provei por A + B astrológicos entender bem do assunto) tentar descobrir a origem de um sentimento tão mesquinho. O ciúme é nada menos do que a manifestação mais profunda das nossas inseguranças. Eu te amo, eu quero estar ao seu lado. O que me segura ao seu lado? Nada. Apenas a minha vontade de querer estar aqui. Eu sei disso, você sabe disso. Só que, contrariando estas nossas certezas pragmáticas, entra outro inegável dogma da vida: eu não quero ser rejeitado. Nem você. Nem ninguém. Rejeição é uma das piores experiências da vida, especialmente da amorosa, e, uma vez que provamos deste gosto amargo, nunca mais queremos voltar lá.
Logo, tudo o que ameaçar a minha sensação de segurança precisa ser eliminado. Mas já vimos que esta sensação é aparente, superficial, não tem qualquer tipo de ligação com a realidade. Se eu quiser terminar uma amizade, um namoro, um casamento de anos hoje, eu vou, não importa quanto ciúmes você sinta.
É por isso que, de uma maneira ou de outra, relacionamentos em que as pessoas conversam abertamente sobre isso têm mais chance de darem certo. E que entendem que ninguém é mesmo de ninguém. É uma batalha interna dura, ninguém disse que não seria. É mesmo muito difícil deixar de escutar o monstrinho verde, ou lembrar que a mesma liberdade que você tem por direito também é do outro. Mas sem ela é difícil estabelecer uma relação saudável com qualquer um que não seja você mesmo.