Já dizia o poeta: na internet, todo mundo é feliz. Os sorrisos são iluminados pelos neons da noite, os piqueniques no parque são planejados com esmero, os esportes radicais fotografados nos mínimos detalhes e até um simples jantar com amigos ganha ares de culinária internacional. Uma timeline repleta de felicidade bem diante dos seus olhos, enquanto você está apenas assistindo a um filme na TV a cabo.
A sensação é a de que as pessoas começaram a planejar programas unicamente para postar nas redes sociais. Para mostrar ao mundo o quanto a vida delas – e, por consequência, elas mesmas – são antenadas, cool, modernas. A plasticidade e a beleza de uma selfie podem esconder a tristeza de uma vida pautada em ser aceito. Em agradar a uma rede ilusória de ilustres desconhecidos por um punhado de curtidas.
O quanto o reconhecimento virtual é mais importante do que aproveitar um momento? Sou a favor da simplicidade, dos instantes mágicos compartilhados a dois, onde há apenas duas curtidas. E elas não estarão no Facebook.
Na modernidade desenfreada em que vivemos, é saudável estar presente nas redes sociais, mas há momentos que deveriam ser aproveitados na sutileza do anonimato, na sinceridade de um sorriso real em vez de um like. No instante em que você percebe que o mundo está acontecendo na sua frente, e não na sua linha do tempo.
A magia em tornar um momento inesquecível está em se dedicar de corpo e alma a ele. Em torná-lo real, único, especial. Seus momentos jamais serão a dois se forem compartilhados.