• Será que ele é?
  • Será que ele é?


    Mulheres detetives, atenção: homens estilosos, vaidosos, adeptos da limpeza de pele e viciados no Esquadrão da Moda não são necessariamente gays, apesar do seu gaydar (o radar de gays) apitar nessas horas. Em regra geral, gays são homens que transam com outros homens. Se o seu cara não faz isso, das duas, uma: ou não é gay ou ainda não descobriu. Então, não tente descobrir por ele.

    Certa vez, uma amiga contou que estava saindo com um cara que pedia a ela que colocasse o dedo na porta dos fundos dele. Ela, racional, pensou: “É uma zona erógena, que mal há nisso?”. Mas o emocional gritava: “Ele é gay, tira o dedo daí e cai fora!”. Mas vamos ser práticos: é preciso ser muito homem para pedir isso a uma mulher que você está conhecendo. Vamos ser mais práticos ainda: se ele preferisse um pinto, em vez de um dedo, ele nem pediria o dedo.

    O fato é que durante esses constrangedores minutos – entre ele pedir, ela colocar e terminar o serviço – passava de tudo pela cabeça dela, menos tesão. A mente borbulhante pensava (e sentia) todos os detalhes do caminho: a aproximação, a chegada, a força amiga, os gemidos dele, mais força, a retirada e a repetição do processo mais algumas vezes.

    Mas, cá entre nós: se ela não se sentia confortável com aquilo, por que fazia? A resposta dela foi simples: “Porque é natural que ele compartilhe comigo as vontades sexuais dele”. Ela sabia que não devia se importar com aquilo, mas se importava. Tanto que resolveu dividir a história com um amigo, procurando um apoio moral. E confesso: toda vez que eu encontrava o sujeito, lembrava que ele gostava de umas dedadas. Ah, não sou perfeito.

    Nessas horas, as mulheres tendem a achar que estão sendo enganadas por homens que não querem se assumir gays. O que é natural: ninguém quer viver uma vida de mentiras. Exceto esses homens, claro. Talvez ele não seja gay. Talvez você esteja sendo preconceituosa demais com alguns detalhes. Talvez ele realmente seja gay, mas você jamais vai descobrir.

    Outra amiga encanava com o estilo do pretendente: roupas, segundo ela, moderninhas demais, gosto apurado para moda (conhecia todos os estilistas e enlouquecia com a chegada da São Paulo Fashion Week), apartamento extremamente bem decorado para um homem solteiro (ela esperava encontrar pizza no sofá? mulheres peladas na parede?) e sabia o que era um sapato Oxford. “Mas ele é lindo”, ela dizia. “Então fica com ele”, eu respondia. Mas ela não suportou a pressão interna e trocou o rapaz por outro, um pouco mais másculo, segundo ela, “do tipo que decora a casa com latas de cerveja, assiste futebol aos domingos e nem conhece marca de roupa, além de C&A e Renner”.

    Ela nem desconfia, mas existem gays barbados que jogam futebol todos os domingos com a rapaziada da firma. Existem gays casados com mulheres, que você jamais desconfiaria da vida dupla – e isso não é novela do Aguinaldo Silva. Existem gays extremamente masculinos e héteros um pouco femininos. Que tal repensar seus preconceitos?

    Nestes casos, use a praticidade: se você está curtindo o cara, saia mais com ele, divirta-se, descubra o prazer em novas experiências. Do contrário, beijo e tchau. Apenas não deixe essas encanações ultrapassadas atrapalharem uma história que pode ser incrível.

    fernando


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