• Quando minha vida amorosa  está ruim todo resto vai mal
  • Quando minha vida amorosa


    está ruim todo resto vai mal


    Já ouvi esse tipo de conversa no consultório, são aquelas pessoas que parecem direcionar e orientar todo sua vida pessoal numa única direção: a vida amorosa. Logo, quando sua vida amorosa vai mal tudo fica afetado no trabalho, com os amigos e na vida familiar. A solução dos males do mundo começa a se resumir a voltar com o ex ou arranjar um novo relacionamento. Sem isso começa a rastejar pela vida como um viciado na fase de abstinência.

    O perfil costuma ser muito semelhante: personalidade dócil, levemente passivas, sonhadoras, emocionais, românticas e pouco estimuladas a agirem por conta própria. Toda a vida delas parece ter sido projetada para seguir o script idealizado, beijar, namorar, transar (desde que seja com a pessoa que ama), noivar, casar, ter filhos e viver feliz.

    Esse tipo de mentalidade, que parece ser muito bonita, pura e cheia de otimismo não raramente é acompanhada de um vazio pessoal muito grande. É como se a pessoa não se desse a chance de pensar fora da caixinha e precisa a todo custo de enquadrar no roteiro de uma vida feliz. Mas por trás dessa busca de felicidade há uma dificuldade de tomar decisões próprias que parecem sempre depender da ordem direta de alguém.

    O parceiro amoroso não é aquele com que vai trocar experiências de dois mundos ricos e cheios de vida, mas um depósito de fé incondiconal. Ela quer um deus pessoal a quem possa servir cegamente e quase sem questionamento. Toda a sua atenção, portanto, se foca em conseguir um parceiro, mesmo que seja ao custo de sofrimento, humilhação e submissão pessoal.

    De modo geral não parece ser um sofrimento obedecer ao que seu parceiro exige, afinal sua vida, pobre em autonomia, foi sendo guiada no sentido de valorizar mais outra pessoa do que a si mesma. E como coloca todas as suas fichas no relacionamento fatalmente a pessoa tão amada perceberá que está se relacionando com alguém que finge ter vida própria. O peso ao se relacionar com uma pessoa sem identidade própria parece sedutor no começo, afinal ser indispensável por um tempo alimenta a vaidade, mas depois de um tempo se a própria importância não é diluída em outros pontos de apoio o relacionamento se torna fonte de asfixia emocional.

    O resultado dos términos de relacionamentos criam catástrofes que se seguem ininterruptamente. Sem o relacionamento amoroso, do qual tanto se orgulhava, a ponto de já não ter uma identidade própria (e nem uma pagina em rede social só sua), todo o resto naufraga lentamente num mar de melancolia e desilusão.

    Ela descobre nesse silêncio do término que só conseguia sorrir se o outro pedisse e só sabia ter compromissos sociais se fossem de casal. Seu trabalho, vida familiar e amigos parecem sempre ter sido trampolins para que a vida amorosa ficasse engrenada. Sem seu amor, o resto perde o brilho imediato.

    A solução para esse tipo de vida co‐dependente é um esforço descomunal no sentido de descobrir seus verdadeiros sonhos, desejos e projetos pessoais. Essa pessoa precisa encontrar a força de sua própria existência como quem vai erguer uma empresa do zero. Construir suas fundações para prosperar sem depender de um único cliente, afinal a vida amorosa, por mais que seja geradora de experiências incríveis jamais deveria ser a única coluna na qual uma vida poderia se apoiar. O equilíbrio real vem de uma existência multifacetada onde a fonte de realização não é externa ou terceirizada, mas vem de dentro e do centro da própria comunhão com a vida.

    fred


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