Você está no time daqueles que esperaram por esse domingo como uma final de Copa do Mundo? Hummmm… Tá! Eu não. Particularmente, me sinto aquela criança vítima do tirano Zé Pequeno em Cidade de Deus: “você prefere um tiro na mão ou no pé?”
Mas, independente do resultado que tivemos no domingo, gostaria de traçar um comparativo entre as relações humanas e a atual democracia. Essa democracia mesquinha do brasileiro que não pensa muito bem. Um cara que nem sabe por que defende seu candidato, mas faz questão de comprar briga na timeline. E quando munido de todas as informações, não consegue respeitar a escolha de quem não está junto com ele.
Que proveito tira o homem de tanta vaidade? Em que momento seus amigos e conhecidos que votam no oponente tornaram-se alvo do seu tormento porque não pensam como você?
À medida dessa intolerância revela o que encontramos no mundo afetivo atual: um Tinder bombando, onde pessoas não consertam relações humanas, troco um por outro até achar alguém igual a mim. IGUAL? Substituímos a dor do desgaste pela vaidade da novidade. Não concordo com você, logo você não serve pra mim.
As pessoas estão sendo educadas com pouco limite para entender o espaço do outro.
Pensa comigo: você não consegue segurar a ira no trânsito, a impaciência à espera de um prato no restaurante, por que acha que vai fazer o outro ter a mesma opinião que a sua?
Seu adversário não é seu inimigo. Você escolheu um caminho, ele outro.
Em poucos dias, São Paulo terá no ar, além da poluição de sempre conhecida, o cheiro da nossa catinga corporal porque a água vai acabar. O mercado está pela hora da morte, e quando falo que a inflação não está controlada, amigos me apresentam o cenário triste de uma Europa falida. Tá, nós não moramos na Itália, que pena! Que tal se atentar ao problema real?
É o processo de identificação da culpa, ela nunca é minha, sempre do outro. É melhor ignorar o que eu não concordo a ter que aceitar a realidade.
Como nos relacionamentos: a questão não é a briga e sim como nós vamos resolvê-la para ficarmos em paz (isso é democracia). O que está feito, feito está, e daqui pra frente, tem jeito de mudar pra melhor?
Essa ditadura mostra que queremos impor ao outro nossa autoridade, e não nossa opinião, nosso contraponto. “Só quero ouvir o que me agrada.”
Esse fanatismo de estádio de futebol em domingo de clássico só serve para comprovar que o exercício do diálogo está em desuso e que dentro desse campo de batalha, ninguém vai sair vitorioso.