• Sobre egos inflados e corações vazios
  • Sobre egos inflados e corações vazios


    Primeiro você estuda pela mesada. Depois trabalha pelo dinheiro. Até aí, nada de errado né? Logo, se você trabalhou pelo dinheiro, vale comprar o que lhe faz bem também, certo? Aí depois de todos os bens materiais, você resolve comprar um amor, um par. Mas você quer um amor instantâneo. Um par que valha teu dinheiro, visualmente. Pra que escolher alguém que te preencha, se pode ter alguém que preencha teu status?

    E lá na outra galeria, tem os amores, que também trabalharam pelo dinheiro e também são convictos que podem se vender pelo que lhes faz bem – cada um tem o direito de fazer da vida àquilo que bem entende.

    Amores que foram afagados pela natureza, assim conseguindo preencher o status de seus amados. Ora, gostar de dinheiro, que mal tem? Que mal tem deixar-se ganhar pelo título de comprador e mercadoria? Nesse mundo capitalista é tão normal o consumo, não é mesmo? Consumir. Ter. Comprar. Ganhar. Vender. Vencer.

    É que a gente esquece que isso só satisfaz o ego. Só preenche status. Quando deveria satisfazer e preencher o coração. Ela consegue ser uma deusa na cama, quando lembra que toda sexta você chega com um par de Loboutin. Você faz uma viagem de férias pra mostrar ao mundo que além de dinheiro, você conseguiu uma mulher (o hadouken do mundo moderno).

    E a vida segue nessa troca, nessa espera. Nessa relação utilitária. E se o seu dinheiro acabar? E se a beleza dela evaporar? O que sobra? Quem sobra? O que você foi? O que você fez ao mundo? O que ela causou em você? O que você ensinou a ela? Diga-me. O que vocês aprenderam juntos? O que é o amor?

    Você nunca soube o que é o amor né? Talvez lá atrás, quando seu pai trocou seu estudo pela mesada, ele tenha invertido a graça da vida, enfatizou o status e esqueceu o coração. Ele só pensou no seu bem, mas o bem que ele queria culminou nisso aí que você se tornou. Não é culpa dele, moço. É culpa desse mundo sujo, que ensinou pra ele o que ele te ensinou. Desse sistema monetário que faz a gente acreditar que deve pagar milhares num carro e mendigar amor. Não se contentar com 10 salários mínimos, mas agradecer migalhas de afeto. Mundo que faz a gente buscar o doutorado, mas aceitar pessoas rasas.

    O mundo é cruel, mas tem um segredo: ainda dá tempo de aprender amar sem pensar na bolsa de valores, mas nos valores dela. Dá tempo de aceitar que aquela menina te faz feliz mesmo sem ter uma bunda escultural. Dá tempo de dar valor ao livro que ela lê e não à roupa que ela veste. Dá tempo de viajar pra conhecer outros lugares e não pra ter o que publicar no Instagram. Dá tempo de se doar, sem pedir.

    E meu amigo, sabe por que ainda dá tempo? Porque o que você tem de mais valioso não é a sua conta bancária, é o seu coração. E enquanto ele bater aí dentro, você pode o que quiser.

    ass-tle


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