É difícil completar a vida quando falta amor.
Dançar é bom, sair é divertido, mas melhor mesmo é abrir o olho e encontrar com alguém que a gente gosta muito. Melhor é poder ser sem tanta trava, é poder se mostrar crua pra quem a gente confia. E crua não é pelada. Crua é pelada também. Crua é aquela liberdade que só a intimidade dá, é poder estar ali com nossos medos, é quando eu assumo todos os nós do meu cabelo e esqueço as minhas pernas em cima das tuas.
Pergunto das mesmas cicatrizes para escutar as histórias que depois esqueço enquanto decoro as pintinhas escuras do teu olho. Você me fala uma bobagem e eu posso gostar sem falar nada. O silencio chega mansinho como um vento de praia e envolve a gente reconfortante. Você não precisa me agradar e eu estou tranquila demais pra querer te convencer de alguma coisa.
Crua é aquele estado desejável onde corpo e pensamento finalmente se encontram e eu estou ali querendo estar. Crua é o que eu sou antes da identidade, antes que existisse um cpf, é o que não mudaria se eu tivesse outro nome.
E é por isso que crua não é pelada. Não bastaria tirar a roupa. É preciso tirar a armadura, se despir de todas as ilusões e ter a felicidade de se achar nesses momentos memoráveis em que apenas existir é suficiente.