Amanheceu ao lado dela após uma noite boêmia e, estático, permaneceu por alguns minutos apenas observando detalhadamente os encantos daquela mulher, estirada espaçosamente sobre a cama com um lençol de algodão escondendo pequenas partes do corpo.
Ela respirava profundamente, como alguém que sonhava sem preocupações e, aos poucos, raios solares invadiam o quarto, por entre a persiana, tocando suavemente seu rosto minimamente amarrotado. Abriu seus pequenos olhos arredondados e espreguiçou-se delicadamente, enquanto ouvia-se de seus lábios bem desenhados um quase silencioso e preguiçoso gemido.
Ele, sentado no lado oposto da cama, sentiu-se hipnotizado ao presenciar uma beleza tão pura e simples. Sem roupa, maquiagens ou acessórios, apenas uma sutil calcinha cor-de-rosa contornando seu quadril e, sem qualquer demonstração de celeridade, apreciava todos os pequenos detalhes, desde a respiração intensa até as pequenas marquinhas nas costas causadas pelo sutiã.
E a devorava, sem as mãos.
Ela levantou-se depressa, e depressa, andou até o armário dele, próximo a parede, pegou uma camisa qualquer e caminhou meio que na ponta dos pés, como se quisesse passar despercebida, mas ele percebeu. Ela não queria ser vista assim, sem nenhum tipo de produção. Ela só não sabia o quanto já estava bonita e ele, indignado, questionou em silêncio.
– É sério que as mulheres não sabem o quão atraentes ficam quando acordam com os cabelos bagunçados ou quando saem do banho apenas de toalha, acompanhadas por um perfume delicioso? Pois, então, deveriam saber.
E resumiu com simplicidade, igual a beleza tão natural, dizendo: você é linda assim. Ela balançou negativamente a cabeça e, antes de dizer “não”, ele encostou o dedo indicador nos seus lábios silenciando-a com delicadeza e, olhando nos seus olhos, sutilmente afirmou: você é linda, sim.