“Não estou bem, preciso conversar com você.”
E assim começou mais uma sessão cotidiana de sofrimento. Quando a gente acha que algo está errado e não quer admitir, temos poucas opções de reverter a situação.
Dói sim, mas temos a alternativa de sofrer um pouco menos pelo agora ou sofrer o dobro pelo que pode vir amanhã.
Depois de percorrer tantas esquinas e bares da cidade em busca do amor da minha vida, de ceder a mil encantos, beijos e abraços que se diziam eternos, finalmente descobri que o amor andava ao meu lado. E depois de algum tempo descobri também que o tal amor só queria andar ao meu lado e não caminhar comigo. Minha dor começou bem ali.
Bateu aquela vontade de chorar, de não acreditar no que a mente tentava me dizer mesmo com as aversões do coração. Preferi acreditar que sempre haveria uma solução, mesmo achando que não tinha.
Meu peito nunca doeu tanto, achei que fosse parar. Não conseguia mais respirar quando te vi naquela noite que deveria se tornar a última. Tomamos nosso vinho, compartilhamos nossas ideias. Ficamos alegres, revivemos momentos já quase esquecidos em nossa mente. Tudo foi excelente ate ali.
Até ali. Ate meu peito me alertar que meu coração já estava inchado de tanta dor, de tanta tristeza e voltava a doer mais uma vez. Me rasgava, me fazia calar, me fazia sentir.
Deitei ao seu lado, te olhei, nos beijamos, choramos e dormimos abraçados.
Quando vi, acordei no meio da noite. Senti frio, senti medo, até um pouco de tristeza. Mas não senti a dor. Daí percebi que dormi em seu peito, sentindo seu calor e fazendo nossos corações se encontrarem da mesma maneira que se conectaram numa noite fria de anos atrás. E, repentinamente, parou de doer, voltou a bater de forma calma, tranquila, aliviada.
Tão aliviada que me fez enxergar que nos rendemos a rotina, ao cansaço e quase sucumbimos o nosso amor. Quase escapou de dentro de nós.
Meu médico disse que o coração não dói, mas ele não entende das dores que trazemos em nosso peito. E nem que dormir no peito pode fazer um coração voltar a bater.