• O amor que mora dentro da gente
  • O amor que mora dentro da gente


    A gente passa boa parte da vida perseguindo o ideal do amor romântico, aquele conto de fadas que mostraram pra gente na TV e no resto do mundo. Nós crescemos e as projeções de príncipes e princesas mudaram um pouco, afinal de contas, o mundo muda, não é? Mas dá-lhe surra de expectativa para achar que a vida é igual a um filmes, dá-lhe construção errada da visão de um relacionamento e, consequentemente, dá-lhe quebrar a cara.

    Por um tempo considerável, eu acreditei que amor era a união de duas pessoas num encontro mágico que dava azia, má digestão e tudo aquilo que só um Sonrisal é capaz de combater na gente. Me enganei um pouco. O nome disso é ressaca e deixa a gente tonto de um a três dias, dependendo da idade em que nos encontramos. Todos aqueles sinais físicos e psicológicos que provavam a paixão, o afeto e o amor não vinham tão fortes assim. Até vinham de uma maneira ou de outra, mas iam embora junto com a pessoa que trouxe isso. Maldição: era preciso estar amando para sentir o tal do amor.

    Só que não é bem assim.

    Amor é um sentimento que a gente carrega por dentro. É tudo aquilo que você tem aí no peito e está disposto a doar a alguém. É todo o sentimento de plenitude que causa reações químicas no cérebro da gente e nos torna abobados, desleixados, cagando e andando pro mundo porque encontramos em quem materializar esse sentimento. Amor não acontece porque alguém chegou na nossa vida, amor sempre existiu.

    Se você parar pra pensar bem, você já deve ter tido momentos únicos de amor sozinho. A felicidade de ver um pôr-do-sol num parque rodeado de árvores em junho. O sentimento bonito de ver seus pais ou seus irmãos felizes por alguma razão. O sorriso na cara da sua melhor amiga por conta de alguma surpresa que você arranjou. A delícia de sentar com vinho e música boa no alto de algum prédio, de onde dá pra sentir o vento e ver a cidade inteira. É o amor que mora aí dentro se materializando em situações do dia a dia. Da mesma maneira, ele se projeta em alguém.

    Não é uma pessoa que cria esse amor todo, ela só ajuda a despertá-lo. E pensar assim muda um pouquinho a nossa cabeça dependente de alguém na hora de sentir isso. Verdade seja dita: nós não precisamos de alguém, de um vínculo afetivo no sentido amoroso, para nos sentirmos amados. Perceber isso faz com que o cenário mude: você pode amar alguém sem depender dela ou dela. Você pode encontrar quem te faça um pouco mais feliz por partilhar do amor que você sente. Assim como, do mesmo jeito, você pode se sentir amado sem ter um par romântico ou coisa do tipo. Se sentir amado pelas experiências que a vida traz, pelas viagens, pelos embarques, pelo aeroporto, pelo nascimento de um sobrinho, por correr na praia, por ver a neve, por pular de bungee jump, por saborear um picolé num dia quente, por escrever uma carta para uma amiga distante, por entender que o amor que faz a gente feliz é nosso, é a gente, e ele mora aqui dentro e nunca, jamais, em tempo algum, você vai encontrá-lo lá fora. Você só deixa esse amor todo sair para passear, dar uma volta no quintal, na rua, nas avenidas e quem sabe assim ele encontra um outro amor tão bacana quanto ele para partilhar a sua existência.

    daniel


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