Talvez você também espere o amor da sua vida.
Alguém que te compreenda incondicionalmente e cujos gostos sejam tão parecidos com os seus que você poderia jurar que vocês são irmãos de outra vida. Alguém que te beije exatamente como você sempre quis, que te ame como você jamais pensou ser possível, que te acalme e te inquiete, que te roube a paz e a devolva em dobro no instante seguinte.
Mesmo que ele não venha num cavalo branco, não traga flores e não tenha os lindos olhos amendoados do seu amor platônico da infância. Mesmo que não traga consigo a ironia ácida de Jack Sparrow ou a poesia urbana de um personagem de Woody Allen – mas que te faça acreditar que ninguém jamais conseguirá superá-lo.
Bem, isso não é culpa sua. Nós fomos criadas para acreditarmos que o amor das nossas vidas existe – e mesmo que o mito do “príncipe encantado” já tenha sido superado, nós ainda esperamos alguém que nos preencha tão abundantemente a ponto de nos envolver na ilusão de que não precisamos de mais nada.
Quanto a isto, eu tenho uma péssima notícia: o amor da sua vida é uma cilada.
A ideia de que alguém – o eleito, o esperado, o insubstituível – chegará, num belo dia, e te mostrará que a espera valeu a pena, não faz o menor sentido em um mundo plural, louco e imprevisível.
O amor da sua vida não existe, porque todas as vidas podem ter muitos amores – alguns possíveis, alguns improváveis, alguns valiosos e outros nem tanto.
Acreditar na ideia de que apenas uma pessoa é capaz de nos fazer felizes pelo resto de nossas vidas é desesperadora.
Em nome do “amor de nossas vidas” nós esperamos e nos frustramos por longos anos. Nós insistimos em relacionamentos impraticáveis porque, veja bem, é o amor das nossas vidas! E por esse amor qualquer coisa vale a pena, não é mesmo?
Não, não vale.
Amores chegam e vão, começam e terminam, e a vida continua seguindo a despeito de nossas frustrações. Absolutamente ninguém é insubstituível – e a sua panela tem muitas tampas possíveis. Espero que você consiga testá-las, uma a uma, até compreender que não existe amor perfeito: cada um soma (ou não) à sua maneira.
Você é o único amor capaz de verdadeiramente protagonizar a história eletrizante que é a sua vida. O resto é figuração.