• É amor ou zona de conforto?
  • É amor ou zona de conforto?


    Vocês estão há um bocado de tempo juntos, a intimidade é daquelas de misturar família e conta de cartão de crédito. Um completa a piada do outro, um sabe qual o remédio funciona melhor para a enxaqueca do outro e os convites das festas já vem com o nome de ambos, escrito em tinta prata, num único envelope. Daí você começa a questionar, isso é amor ou costume? E percebe que é incrivelmente complicado achar resposta para essa pergunta.

    É complicado, porque misturar rotinas é algo natural quando você entra num relacionamento, as histórias se encaixam sem muito esforço, ou até sem que você perceba. Não tem como evitar, as coisas vão crescendo num processo fluído e isso não é ruim. Afinal, permanecer sempre no mesmo patamar não é bacana, a vida requer movimento e para tanto decisões precisam ser tomadas. O problema é quando o amor vira hábito, quando a felicidade esfria e o compromisso passa a ser social e não pessoal.

    Se você mantém um namoro pensando na dificuldade de encerrá-lo, por qualquer que seja o motivo além de amor, bem, as coisas não estão muito certas. Manter o romance por conta dos parentes que já planejam natais juntos, dos amigos que já chamam para apadrinhar filho ou pelo simples medo de recomeçar e de ampliar os horizontes é dar um puta tiro no pé. Bem no dedão.

    Mas como enxergar o ponto em que se encontra a relação? Bom, questionar os sentimentos vez ou outra é perfeitamente aceitável, preferir ficar sozinho ou longe da pessoa que ama, de vez em quando, não é desamor e ter divergências de opiniões sobre o futuro do casal é completamente compreensível. Porém, se você quando olha em frente só consegue se imaginar longe da pessoa, vivendo a vida de outra forma, com outros círculos ou, se a presença dela ao seu lado já não é tão agradável, melhor medir em que pé andam as coisas.

    Se não existem mais momentos divertidos juntos, as conversas estão em piloto automático e os conflitos bobos são constantes no dia a dia, melhor repensar. Pode ser que vocês tenham se deixado encarcerar pela plasticidade do cotidiano. É hora de olhar para dentro de si com cuidado, ver até onde exatamente você que chegar com essa relação e até que ponto a felicidade se faz presente nela. Se for apenas marasmo, dá sim de reverter, dá de recomeçar com a pessoa que você quer bem e seguir a jornada.

    Mas, caso não seja possível e esse caminho esteja te levando a lugar nenhum, melhor achar outra trilha e dar a você e ao outro a chance de descobrir coisas novas. Se seu comprometimento com a relação já não é mais tão latente, não magoe quem ainda está comprometido, não desgaste quem esteve tanto tempo com você, tenha a nobreza de dar a essa pessoa um parecer sobre seus sentimentos, seja honesto consigo e com quem está ali, apostando no time, sem saber que está jogando sozinho.

    Claro que não existe uma fórmula, não dá para escrever uma cartilha que funcione com todos os relacionamentos. Mas, lá no fundo, naquele cantinho mudo do coração, a gente sempre sabe o que fazer, como proceder e qual a melhor decisão a tomar. Recomeços são necessários, você pode se renovar todos os dias, com quem está ao seu lado, ou sozinho. Só precisa se ouvir, se descobrir, ser honesto com os próprios sentimentos e ter coragem de dar primeiros passos, sempre. O amor é algo pelo que vale lutar, todos os dias, então se você tem um, lute por ele. Mas se seu amor ficou preso no tempo e não evoluiu, vá achar algo que te traga sorriso ao rosto, que te faça pensar no futuro com sossego na alma, sem pressa, sem medo e sem pressão. Porque a sorte de um amor tranquilo, no fundo, no fundo, é a gente quem faz.

    ass-  loui


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