• A vida requer espontaneidade
  • A vida requer espontaneidade


    Atender às ligações no segundo toque, comer no restaurante de sempre, ir na balada em que a turma está esperando, acordar às sete, vestir uniforme e seguir o ritmo do mundo. Você está dentro do sistema, é um refém do próprio relógio e não está feliz com isso. Se este parágrafo simples falou alto com seu coração, bem, então talvez seja hora de quebrar algumas regras e não se deixar engessar pelo hábito.
    Eu sei que parece difícil manter-se à margem do marasmo dos dias e que muitas vezes as cores parecem desbotar ao redor, deixando toda a paisagem com tons de sépia. Mas é possível sair da mornidão costumeira e buscar algum calor na novidade, que acredite você ou não, está no mais simples, no menos rebuscado e mais próximo que imagina. É o novo, o desconhecido e o diferente que te fazem sentir parte deste mundo, que te trazem mais vontade de seguir em frente e de ser feliz, todos os dias.
    Porque vida é dom que precisa ser aproveitado na essência, com todas as nuances que possui. E tanto faz se dentro ou fora do ritmo, ela é a canção que embala sua história, dá forma e melodia. Vida é essa vontade de ver o sol se pôr ao lado de quem ama, é esse medo de pegar o próximo trem e pegá-lo mesmo sem saber para onde vai, é desejo de largar o escritório para pular na água com roupa e alma, numa tarde quente de sexta.
     Vida é ter amigos para partilhar risada, é ter abraço para aconchegar, é ter café servido  na casa da mãe e música boa nos fones de ouvido. Vida é agora, é inadiável é pegar ou largar. Vida não é para ser guardada na gaveta, como aquela conta que você deixa para o mês que vem. Ela está aí,  é seu presente e você apenas pode tocá-la no instante exato da fala. Vida é aquele gerúndio que não te deixa parar e desistir do trajeto. Ela te quer assim, caminhando, cantando, sorrindo….
    É aquele brilho nos olhos da criança que se surpreende com as descobertas pequenas da infância, é o sorriso cúmplice de quem tem paixão correspondida e é aquele alívio de quando se ganha o perdão. Vida, meu bem, é estar em movimento, é estar disposto a desafios é ter medo de despencar da corda e ainda assim, atravessá-la feito equilibrista beirando o abismo. Porque viver é correr riscos todo o tempo.
    Não aqueles imaturos, fruto de pouca reflexão e que fazem mal. Me refiro aos passos ousados que a gente precisa dar vez ou outra, em direções que parecem assustadoras, mas que levam para horizontes fascinantes. Viver é cair uns bons tombos, daqueles de ralar joelho e ter de usar mercúrio. Vida pode até arder, mas quem não se permite arranhões não experimenta seu sabor. Afinal estar vivo é estar sempre prestes a dar um passo em falso e é ter algum medo também. Sentir medo, no entanto, é perfeitamente normal,  não se envergonhe! O  que não pode é se deixar congelar por ele.
    Vida, caro leitor, também é o que está acontecendo agora enquanto você pensa sobre. É esse seu pé balançando ansioso na cadeira de rodinhas, é essa unha meio roída, é aquela memória que você requenta como comida fria, para degustar depois. Você é quem decide como desfrutá-la, de alguma forma é você  quem  manda, quem dá as cartas do jogo e decide como apostar. Portanto, não espere que ela te trate bem, ou que ela seja justa, apenas agradeça por possuí-la e crie os próprios atos da sua obra. Porque vida é verso de poeta, mas é do tipo que não permite rascunho. Então, se quiser poesia na vida, você tem de pegar a caneta e escrever por conta própria.

    ass-  loui


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