• Ele não vai ser o amor da sua vida
  • Ele não vai ser o amor da sua vida


    Tenho uma amiga que trata todo ser humano com quem ela cruza como se fosse o grande amor da vida dela. Desde o cara que ela encontra numa reunião de negócios e troca telefones até o guri que ela beija na fila do banheiro na balada, como se toda pessoa que se apresenta fosse um sinal do destino para que ela se entregue ao amor verdadeiro dos filmes de Hollywood.

    Por um lado, acho bacana a visão dela. Ela não põe freios, ela não acha que as pessoas não valem a pena – como a maioria de nós faz quando tem uns rolinhos à toa só pra dar uma trepada no final de semana e matar a carência -, ela realmente se interessa em conhecer alguém e se doar exclusivamente para aquela pessoa enquanto está conhecendo. Quando acaba, acabou. Vida que segue até o próximo possível amor.

    Por outro lado, penso em como ela representa a gente de uma maneira mais exagerada, mas ainda assim parecida com o nosso cotidiano. Nós temos o costume de achar que todo mundo que passa pela nossa vida vai ser um grande amor ou, pelo menos, achamos que nossos namorados e namoradas são essas pessoas. Afinal de contas, qual é a finalidade de um relacionamento a não ser construir um futuro com alguém? Hmm, então, talvez um relacionamento sirva pra outras coisas também. 

    Talvez a Maria só queira um namoro porque achou legal o jeito do José de jogar video game e achou que ele seria uma boa companhia. Talvez o Alberto tenha achado incrível a paixão da Bruna por tartarugas e ambos resolveram passar aqueles 2 últimos anos de mãos dadas na Costa do Sauípe sem pretensão. Talvez um relacionamento, namoro ou casamento não precise necessariamente vir com uma etiqueta de “para sempre” como a gente acha que tem que ter. Relacionamentos podem ser experimentações entre pessoas que entendem que, às vezes, a outra cabe naquele espacinho de tempo, mas depois não

    Eu acredito super que nós encontramos e nos apaixonamos, ficamos e nos relacionamos com pessoas que cabem na gente em algum momento da vida. Você, por exemplo, deve imaginar que nunca se apaixonaria nos dias de hoje pelo seu namorado. Claro, ele não cabe mais em você. A gente muda, as nossas necessidades afetivas também. O carinha ou a guria aí do teu lado pode ser teu amor de agora, de daqui a dois anos, de daqui a cinco meses, ninguém sabe. Mas a ideia por trás dessa teoria é justamente relaxar o pensamento de que toda pessoa que passa pela nossa vida amorosa pode ser o nosso “amor pra vida inteira”. Ou então, aquela ideia bem equivocada de que “o amor da nossa vida” é só um. Besteira, gente. A partir do momento que você amou alguém, foi amor. Ponto. Independente de ter continuado ou não. Não tem essa de que se ama mais ou se ama menos. Se ama (e se sente) como deve ser amado no momento de vida em que você está.

    Se a gente começar a pensar com mais leveza, essa coisa de “um amor pra vida toda” também se torna mais leve. E nós paramos de tentar encaixar nossos amores em modelos pré-definidos e fórmulas furadas de felicidade. Começamos a aproveitar melhor quem a gente ama e quem nos ama de volta, mesmo que daqui a algum tempo esse cargo seja preenchido por outra pessoa. O que importa – o que realmente importa -, é que exista amor. O resto é só perda de tempo.  

     daniel


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