Temos os olhos acostumados às telas. Somos rápidos, dinâmicos e começamos a ter responsabilidades cedo. Registramos a vida pelas câmeras cada vez mais modernas dos nossos celulares, que se atualizam todos os anos. Nós também nos atualizamos. Quase que por contra própria. Digo quase porque, apesar de não termos um sistema operacional feito para gente, tentamos nos sincronizar com o resto do mundo. O tempo todo. É cansativo. É necessário? Não sei.
O que eu sei é que crescemos ouvindo e vendo as crises dos nossos pais, tios, das pessoas mais velhas. Quem nunca ouviu a história de um vizinho de um amigo de um primo que havia cansado dos dias e da rotina maçante e havia se mudado para uma cidade pequena, a fim de aproveitar mais a família e ver os filhos crescerem? Eu já. Mas, essas pessoas não eram da nossa idade. Estavam há um bom tempo em um emprego que não despertava nenhuma paixão e decidiram investir, depois de todos esses anos, em suas vidas e no que gostavam.
Só que agora, no meio dos 20, percebo que, assim como falamos que as crianças estão precoces e se tornando adolescentes mais cedo, nós também não ficamos de fora. Estamos crescendo rápido, às vezes contra a nossa vontade, tendo de tomar decisões importantes, lidar com a crise financeira, com os relacionamentos sérios, com o sonho do aluguel próprio. Comprar uma casa ou um apartamento está fora de cogitação. É coisa de milionário. E no meio de tanta vivência com pouca idade, se adianta também a frustração que enxergamos lá atrás, ainda na nossa infância, em pessoas mais velhas. Mal saímos da faculdade e já questionamos as nossas escolhas. Os nossos empregos. O fato de acordarmos cedo, dormir tarde e viver nos intervalos. Quanta pressão.
O mundo tá louco. Mas, respira. Não precisamos correr tanto. A gente pode errar, pode se arrepender. Não é preciso ser o melhor profissional, o amante perfeito, ter uma alimentação saudável e ser conectado o tempo todo. Essa eterna busca pela nossa melhor versão cria máscaras para o nosso verdadeiro eu. Quero te dizer que tudo bem ter dúvidas, questionar o que você está fazendo da vida, procurar o que te traz felicidade, mesmo que isso signifique jogar tudo para o alto e recomeçar. Não é vergonha, é coragem.
Para de se cobrar tanto. Deixa a vida te levar pra passear de vez em quando, se permite ficar desatento quando assim desejar. O mundo não vai acabar e você não ficar pra trás, eu prometo. E no meio desse ‘marasmo’, com o qual você não está acostumado, acontece algo. No meio de tantos desencontros, você se acha, perdido em algum lugar dentro de si mesmo. Por isso, se encontre, por você. Só por você. Por mais ninguém.