• Poodleman: a Nova Raça de Homens  que Tem Tudo Para Dar Errado
  • Poodleman: a Nova Raça de Homens


    que Tem Tudo Para Dar Errado


    Para as mulheres, o relacionamento perfeito reside no grande sonho dos príncipes encantados em cavalos brancos que trazem flores e as levam para jantar no melhor restaurante da cidade, elogiando a roupa que elas usam e dizendo que nunca vão sair do lado delas. Encontrar esse tipo de cara tem se tornado cada vez mais fácil por conta do altruísmo crescente e das dezenas de poesias e canções escritas em noites de inspiração dolorosa causa pela rejeição que sofrem os homens. Se você realmente acredita nessas afirmações, não precisa continuar lendo o resto do texto.

    Baseados numa cultura popular relacionada à timidez, à falta de confiança e ao mito de que toda mulher quer um cara sensível e romântico, uma nova raça (talvez nem tão nova assim) foi concebida: os caras legais, os melhores amigos, o bacana tímido que usa de táticas não muito eficientes para se aproximar da mulher que gosta ou que tem interesse. A nova classe masculina se resume ao típico poodleman do século XXI.

    O poodleman tende a ser um cara legal, pseudo-romântico, disposto a fazer de tudo pela mulher que pretende ganhar. Até aqui, nenhum problema quanto a isso. Acredita cada vez mais que seu comportamento “socialmente aceitável” e suas ponderações de respeito quanto à garota, além da sua disposição em cuidar sempre dela e estar sempre por perto, é uma boa estratégia para conquistar a dita cuja. E por aí se seguem noites e noites estudando cálculo I pra ajudá-la na prova e todo aquele blá, blá, blá que vocês podem imaginar. Geralmente, esses caras têm como característica marcante a falta de confiança para agir diretamente no contato afetivo. Eles têm necessidade de mascarar o interesse por inúmeras razões que vão desde a facilidade em agir sem pressão até questões individuais referentes à criação amorosa deles.

    Existe também o poodleman alternativo, que é um caso que se desenvolve normalmente quando se conjugam situações de paixonite aguda por amigas ou mulheres de seu círculo social onde já foi descartado tipo qualquer contato físico mais íntimo previamente, justamente pelo desenvolvimento de uma “amizade”.

    Voltando ao título do post: por que está raça está fadada a padecer e dar errado pelo resto da eternidade?

    A resposta é simples. A mulher em questão, ou seja, o interesse romântico do poodleman já o descartou inconscientemente (ou conscientemente, se ela admitir) da sua lista de possíveis envolvimentos. Mulher nenhuma categoriza um homem como irmão ou melhor amigo se as características dele despertassem seu interesse. A partir do momento em que a iniciativa de aproximação o transforma num parceiro sem conotação sexual para ela, todas as chances de um possível envolvimento posterior são descartadas. Ela vai fazer dele seu melhor amigo, contar todos os segredos, pedir opiniões sobre outros caras, ligar quando estiver decepcionada, chamá-lo para um cinema despretensiosamente e passar a mão na cabeça dele toda vez que estiverem juntos. Exatamente como um poodle: pequeno, inofensivo, feito para caber no colo e agradar a dona enquanto ela faz carinho.

    O porquê disso tudo? Relacionamentos são baseados numa troca de experiências e de convivência que se equilibram entre o contato físico (a famosa atração) e o apoio sentimental (o famoso amor). Toda e qualquer relação homem-mulher precisa de um certo dinamismo e da sensação de imprevisibilidade que um pode oferecer ao outro. Além disso, é instintivo: as mulheres querem homens que passem uma imagem diferente da que é apresentada pelo poodleman; é necessário que haja a atração física inicial. Elas querem relacionamentos que são movidos a emoções que o cara legal, aparentemente, não é capaz de oferecer. Ele é bonzinho demais, está à mercê demais, ele a conhece demais e vice-versa. Essa definição tira todo o charme do processo de conquista entre dois desconhecidos ou conhecidos que não partilham de uma vida a dois. No caso do poodleman, ele já estabeleceu uma vida a dois com seu interesse romântico e neutralizou todas as sensações iniciais de conquista ou afeto numa relação homem-mulher que não seja a de pura e exclusiva amizade sem interesses.

    A paralisação no nível de amizade é o destino do cara legal, do bacana tímido ou do melhor amigo. Ele ainda não entende o porquê das mulheres não olharem pra ele de forma diferente depois de algum tempo. É muito simples: porque não há mudança, não há movimento no relacionamento de amizade fundado por ele. Quando um homem se submete à condição de poodleman, ele recusa automaticamente a condição de parceiro romântico. E frases do tipo “você é meu melhor amigo e eu nunca teria algo com você pra não estragar isso” se tornam recorrentes e até cruéis.

    Não estou julgando o comportamento feminino nessa situação, nem dizendo que é errado ser um cara legal. Mas o tipo de abordagem dessa nova classe de homens inofensivos tende a levar à frustração um número grande de caras que não enxergam a mecânica dos relacionamentos contemporâneos. Ninguém quer se aportar ao que é parado, ao que não tem graça. Portos seguros, geralmente, não têm a mesma graça que uma boa tempestade.

    Foto principal por Giovana Nunes.

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