• Ode aos Colhões
  • Ode aos Colhões


    “Mulheres têm que ter modos”. Modos?! Ah, faça-me o favor! Para mim, já basta o estoque de Modess na dispensa, pobres e coitados absorventes que virão a habitar o meio das minhas pernas no período mais infernal do mês. Já basta o Tampax que eu tenho que usar de vez em quando na praia, em meio a gostosas e marombados, se quiser ao menos tentar ser feliz e gozar daquela liberdade vendida nas propagandas de TV – sempre correndo o risco, é claro, de deixar a cordinha do absorvente interno escapar para fora da calcinha do biquíni. Já basta a disciplina para tomar, religiosamente, a pílula anticoncepcional às três horas da tarde se não quiser correr o risco de ter uma surpresinha ainda mais desagradável do que a menstruação.

    Mulheres com modos são do tempo de nossas avós. E convenhamos: que fiquem por lá, resumidas ao seu aventalzinho, guardadas nas caixinhas de costura e entretidas com um bom cesto de roupas sujas. Como descendente da geração que queimou sutiãs em praça pública, recuso-me a retroceder. A fechar as pernas e reservar a cereja do bolo para um príncipe encantado que talvez não venha. A amarrar meus cabelos num coquezinho e manter a compostura vestindo uma saia um palmo abaixo do joelho. A limitar-me a um sorrisinho amarelo quando o assunto é sexo. A conter toda a libido que ferve por sob a pele e desculpar-me com um “já deu meia-noite, hoje não posso”, no melhor estilo Cinderela.

    Porque ter modos é, de certa maneira, estar submissa à dominação masculina. É ser a mulher previsível, a namoradinha do Brasil, a menininha pra se andar de mãos dadas no shopping. Toda mulher que se preze não tem modos – tem colhões. Isso mesmo, um par de colhões cheios de hormônios, porque de seres dotados de testículos já bastam os homens. E a mulher de colhões fala o que sente, doa a quem doer – geralmente, dói nela mesma. Assume que se masturba quando fica sozinha em casa – assistindo a um pornô ou lembrando daquela última noite entre vocês. Confessa que fica excitada com uma mordida no pescoço – veja bem, excitada, e não arrepiada ou com cócegas. A mulher de colhões é aquela que senta num boteco, toma uma cerveja bem gelada e acredita que a noite só poderia terminar melhor se vocês dois transassem e dormissem de conchinha. É aquela que te surpreende com um belo boquete matinal, no lugar de um simples ‘bom dia’. A mulher de colhões transparece o tesão em cada gota de suor, saliva, sangue e gozo – fluidos que não a causam nojinho.

    E para aguentar o tranco de uma dessas, você não precisa dominar as 77 posições do Kama Sutra, muito menos ter o maior e mais grosso pinto do mundo. Apenas não a reprima. Não a censure se ela confessar, na frente dos seus amigos, que gosta quando você goza na boca dela. No elevador, não tire a mão que ela colocou com tanto carinho no meio das suas pernas. Não duvide quando ela disser que gosta de você, que a sua inteligência é afrodisíaca, que a sua companhia a estimula. Ou até mesmo que acha o seu pinto lindo, digno de ser guardado em uma redoma. Deixe-a dizer, fazer, lamber, chupar, morder, cavalgar, tocar, tentar, errar, acertar. Ciente de que pode, ela vai encostar a cabeça no travesseiro e dormir em paz. Quem sabe até acordar com a calcinha molhada – o gozo escorrendo por entre as pernas é privilégio para poucas. E quem sabe o motivo de todo esse gozo não seja você?

    Para fins de direito de imagem, as fotos usadas nesse post não são de minha autoria e os autores não foram identificados.

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