• Não deixe que a paixão vire birra
  • Não deixe que a paixão vire birra


    É difícil que reconheçamos a linha tênue entre a paixão e a teimosia porque toda paixão tem um pouco de birra. Há o interesse, as conexões mentais, a boa e velha química, e há, por outro lado, a odiosa briga de egos que confunde qualquer paixão genuína.

    A paixão é muito sobre vontade, não nego; a vontade do outro, a vontade propriamente dita. É muito sobre admirar o outro, sobre querê-lo por perto, sobre não expulsar as borboletas do estômago e entregar-se à sensação enebriante de estar realmente envolvido.

    Mas a paixão também é muito sobre desafio. O outro é um mundo novo, é tudo o que você ainda não viveu (e vice-versa). Conhecer alguém e desafiar-se a fazer com que esse alguém se mantenha interessado nada mais é do que um teste de ego, de força, de auto-estima. O quão interessante eu posso ser sob o olhar de quem me interessa?
    Todo flerte tem muito mais a ver com nós mesmos, individualmente, do que com a nossa relação com o outro. Pode resultar em um afago para o ego – olha, ele (a) me acha interessante! – ou num verdadeiro tiro no amor próprio – como assim eu não sou interessante o suficiente?

    A gente não flerta só pra se relacionar com o outro. A gente flerta pra se relacionar com a gente. Pra se conhecer, se analisar, medir o nível de interesse que o mundo é capaz de manifestar em relação a nós mesmos. E a paixão, aquela responsável pelas borboletas no estômago e pelo sorriso patético no rosto? Fica em segundo plano. Fica pra depois do ego, depois da queda de braço, depois que a gente se convencer de que, sim, nós podemos.

    Nenhum problema nisso. Nós somos humanos, afinal. E que ego humano não precisa de um afago de vez em quando? O problema – o único problema, eu diria – é confundir paixão com teimosia. É deixar que o sentimento de impotência que um interesse não correspondido inevitavelmente proporciona se disfarce de paixão cega, que o não do outro intensifique o nosso sim e que toda rejeição se transforme em uma bola de neve.

    Então, quanto mais irracional for o sentimento, mais você deve se perguntar: é paixão ou teimosia? É vontade de estar junto ou só vontade de mostrar ao mundo – e a si mesmo – que você pode conseguir o que quer?

    A pessoa por quem você (teoricamente) se apaixonou realmente vale as suas noites de sono, ou este é apenas o seu ego tentando te mostrar que ninguém pode destruí-lo assim e sair impune?

    Se a resposta for não, meus sinceros parabéns: você não tem uma paixão não-correspondida. Você tem apenas um ego gigantesco e mortalmente ferido.

    As pessoas se interessam e perdem o interesse umas pelas outras todos os dias. O problema não é você e não são elas: é apenas a vida, que só nos proporciona exatamente o que ela quer proporcionar. Não transforme o “não” em um problema de autoestima. Para cada não, outros milhões de sim’s te esperam.

    Guarde a sua intensidade para as verdadeiras paixões – aquelas que nos tiram do eixo por vontade, e não por ego. Toda paixão é grandiosa demais pra virar birra.

    ass-nathalie


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