Se fosse seguir com rigor os ensinamentos dos filmes pornôs, provavelmente eu seria entregador de pizza ou limpador de piscina e assim, consequentemente, receberia um boquete a cada entrega ou a cada piscina lavada. Meu saco estaria inchado de tanto ser deliciosamente estuprado por mulheres siliconadas, sedentas por uma surra de pau mole e exímias engolidoras de espada. Tudo seria simples, daria quatro lambidas carpadas giratórias no clitóris das minhas parceiras e as veria rasgando a parede com as unhas e girando os olhos como num ato de exorcismo. Eu teria vizinhas estupidamente gostosas, exibicionistas e sempre prontas pra uma sessão de sexo descompromissado em troca de uma xícara de açúcar. Se eu acreditasse nos contos do Sex Tube, acharia que fazer sexo anal é tão fácil quanto encaixar uma peça de lego, independente do tamanho do meu pau, que naturalmente seria da medida de uma berinjela transgênica criada em Itu. Minha namorada teria inúmeras amigas devassas e estaria sempre disposta a transformar cada flagra de traição minha em um delicioso Ménage à Trois, que logicamente terminaria com meu sêmen transformando-se em hidratante facial para duas lindas mulheres. Broxar? Nem preciso comentar que isso nem existiria, afinal, eu seria um ator pornô e não um homem.
A realidade é que somos tão e somente homens e não precisamos viver nas sombras desses seres superpirocudos e estereotipados, que não habitam apenas os cenários lubrificados dos filmes pornôs, mas também povoam as novelas, a literatura, o cinema e desde a nossa infância funcionam como falso parâmetro de masculinidade e desempenho sexual.
Temos de ir além do ideal criado pela mídia em torno do macho com bolas de touro, afinal, mesmo sem nunca entendermos com certeza o que as mulheres querem, precisamos da convicção de que elas não gostam do sexo robótico à La britadeira e nem acham gostoso quando tem suas cabeças empurradas para baixo como quem faz uma imensa laranjada durante o boquete.
Precisamos parar de tentar aprender algo útil com os galãs Hollywoodianos, incapazes de fazer algo além de explodir carros, distribuir tiros e perceber no último segundo do filme que escolheram a mulher errada.
Chegou a hora de mudar o foco, parar com essa fixação pela dureza dos testículos indestrutíveis do Chuck Norris e enxergar de verdade o que há em nossas mulheres.
Qual o problema de repararmos no corte de cabelo dela, mesmo que ela só tenha cortado 2 dedos? Ou na nova cor de esmalte, no vestido que ela comprou no começo da semana já pensando na noite de sexta ou na lingerie ultra sexy, que só deveria ser despida em meio a uma salva de palmas. Tudo isso talvez possa parecer insignificante para James Bond quando a meta principal é salvar o mundo, mas nunca para nós machos reais, verdadeiros super homens, quando queremos atingir nosso não menos importante objetivo – dar prazer estremecedor a nossas parceiras e metralhá-las com balas de tesão.
A verdade que não nos ensinam na escola nem nos filmes pornôs é que as preliminares começam bem antes do sexo oral e que antes mesmo de rasgar a calcinha de nossas mulheres podemos excitá-las com sutilezas disfarçadas de bombons surpresa, elogios originais, educação sem moderação, portas abertas e que com isso, criamos aos poucos uma bomba G, que no fim da noite, com ajuda de muito suor e dedicação, culminará em uma intensa e real cena de gozo – assim, o fingimento continuará como ato exclusivo das atrizes pagas pra isso.