• Uma Ode à Barriguinha: Os Contras De  Se Relacionar Com Um Homem Tanquinho
  • Uma Ode à Barriguinha: Os Contras De


    Se Relacionar Com Um Homem Tanquinho


    Que me desculpem as mulheres, mas a verdade é que aquela busca desenfreada de vocês pelos modelos de capa de revista é uma bela de uma furada. Em tempo de revolução sexual tão avançada, eu ainda me pergunto: é sério que vocês ainda esperam um príncipe encantado sem camisa, mostrando um tanquinho bem talhado por aí?

    Vocês deveriam dispensar o machismo inusitado da situação que o tanque oferece. Ele remete às condições que vocês não precisam mais passar depois que inventaram as máquinas de lavar. O toque nele é como toque em pedra: frio e sem movimento. É como deitar em mármore e renegar as próprias escolhas de liberdade. É desconfortável e vai fazer aquela sua neurose com o próprio corpo triplicar mesmo que você não queira. Fica difícil acompanhar as curvas opressoras de um tanque bem desenhado. Ele ofusca as suas possíveis dobrinhas e evidencia ainda mais aquela celulite de nada pra você mesma. Acende a luz na hora do sexo e se exibe no espelho como se Narciso tivesse te pagado um café e te levado pra cama só pra admirar a si mesmo numa escultura perfeita que expõe as suas imperfeições. Além disso, o tal do tanque não tem muitas histórias. Ele é um pouco refém dele mesmo e escravo das privações. Pergunte a ele sobre histórias e dicas culturais de alguma cidade. O máximo que vai obter é uma série de abdominais e algumas indicações de proteínas e refeições de baixa caloria. O Mundo Verde do tanquinho é logo ali. Na orla da praia ou na academia mais próxima. Correndo sempre sem sair do lugar. Contando esforço sem respeitar aquela preguiça gostosa do domingo. Ele grita sobre o seu sedentarismo assim que você deita a cabeça nele. E ainda frustra as suas expectativas. Bom pros olhos, mas na prática… Ora bolas, mesmo que não queira, o tal tanquinho é um baita de um sujeito inconveniente.

    Do outro lado, aquela ligeira barriguinha não parece tão agradável assim aos seus olhos, embora os seus corpos possuam uma química maior do que você poderia supor. Talvez compartilhem histórias interessantes e você nem saiba. Talvez os dois se deem bem à meia luz e nunca tenham saído em capas de revista. Debaixo da camisa no cotidiano discreto da cidade a tal da barriguinha não se exibe, embora não tenha vergonha de aparecer em público quando solicitada. Na praia, no futebol das quartas-feiras, na composição harmônica do romance de domingo. A barriguinha oferece um conforto que pode ser moldado conforme sua cabeça deita sobre ela. E não expõe os seus defeitos. Na verdade, te deixa um pouco mais segura sobre você mesma, porque você tem certeza de que seus corpos se entendem bem. E mostra que é bem vivida e tem dicas sobre o que fazer na cidade sempre que você precisar. Sabe aquele quiosque bacana da praia ou o novo japonês? Ela já passou por lá. Conhece o mundo das cervejas, e aposto que não vai achar feio se você repetir o prato no jantar ou disser que está morrendo de fome. Não que a tal da barriguinha seja sedentária ou não seja lá muito saudável. Mas é que ela se preocupa mais com a vida à volta dela do que com as quatro paredes da academia. É um caso sem restrição de calorias. Um amor desses que você não precisa se preocupar com o IMC da relação.

    Dito isso, Cinderelas e Brancas de Neve da vida real, eu espero que repensem a imagem de príncipe que vocês têm. O homem dos seus sonhos, na verdade, não tem um tanque. Ele tem é uma bela duma Brastemp.


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