Fazer festa de casamento ou comprar uma bicicleta? Antes de responder a essa pergunta, cuja resposta, de cara, já me parece bem óbvia, gostaria de compartilhar com vocês um pedacinho de uma estimativa, contendo os custos necessários para a realização de uma festa de casamento nos moldes tradicionais. Vamos projetar uma conta modesta para 200 convidados:
● Vestido de noiva (novo): R$ 8.000,00;
● Flores: R$ 2.000,00;
● Convite: R$ 1.000,00;
● Bolo: R$ 2.000,00;
● Banda especialista em cantar “I Will Survive”: R$ 4.000,00;
● Aluguel do carro: R$ 500,00;
● Aluguel de espaço: R$ 8.000,00;
● Fotografia e vídeo: R$ 3.000,00.
Isso é apenas o começo da brincadeira. Nem citei aqui o custo do “uiscão”, que servirá para amamentar uma manada de tios “bebuns” que, com certeza, terminarão a festa caídos, vomitados e ridiculamente ornamentados com a gravata à la Rambo em volta da testa. Não falei também sobre o valor do jantar, mas sei bem o destino daquele rondele safado que, indubitavelmente, acabará no estômago dos muitos esfomeados que nem o café da manhã costumam tomar em dia de casório. E os bem-casados, então? Uma fortuna diretamente revertida na alegria de simpáticas senhoras cleptomaníacas que provavelmente terão picos de insulina dias após o matrimônio, ocasião em que saíram do buffet portando bolsas que ultrapassariam o limite de peso de qualquer aeroporto.
Caro, né? Mas acredito que o principal fator a ser levado em consideração na hora de decidir se vale a pena trocar seu rim por uma grinalda é: realmente é preciso esse ritual arcaico para formalização de um amor já existente? Será que precisamos de tanta simbologia, etiquetas e burocracias, para, no fim, apenas estamparmos para a sociedade uma felicidade que importa muito mais ao íntimo do casal? Não faz sentido – pelo menos para mim. Uma coisa é convidar a família e os amigos para dividir um momento importante na vida do casal e organizar um churrasco, festa, orgia ou qualquer outra coisa para comemorar ao seu modo. Outra coisa é sentir a necessidade de seguir os mandamentos comerciais, divulgados em revistas de noiva, e achar que, sem seguir essa jornada, a união não fará sentido. Quer minha opinião, meu amigo? Faça você mesmo seu roteiro e figurino.
Vou dar o mote: comece pensando se a realização desse evento grandioso é realmente um sonho seu ou se é mais uma daquelas coisas que nos ensinaram a desejar automaticamente depois que saímos do útero. Será que você quer mesmo pagar caro para tropeçar na cauda longa de um traje parecido com o usado pela rainha Vitória no século XIX? Não estou aqui para tentar empobrecer esse milionário mercado que sobrevive graças ao ritual do casório. Nada disso. Nem quero que esse texto sirva de argumento para que noivos saiam pela tangente. Quero apenas fazer com que pensem e se questionem: será que não existem meios mais interessantes, menos custosos e muito mais prazerosos para oficializar uma união?
Se mesmo depois dessa análise ainda resolver celebrar a união através desse ritual primitivo, bem, então peço que me convide e lá farei questão de dançar “Twist and Shout” freneticamente com os bebuns, comerei muitos rondeles com os esfomeados e, claro, subtrairei alguns muitos bem-casados em parceria das simpáticas “cleptovovós”. Afinal, quem aproveita mesmo as big festas de casamento são os convidados, e não os noivos.
Sugestão do Coiro: Em vez de comprar um vestido de noiva, invista seu dinheiro em uma roupa de mergulho. Em vez de pagar o aluguel do buffet por uma noite, converta esse montante financeiro em múltiplas diárias em algum hotel com colchão macio e ducha vigorosa e, por fim, use o dinheiro que investiria nos convites para comprar Mojitos, Daiquiris e outros tipos de bebidas refrescantes. Para que tudo isso seja ainda mais divertido, não alugue um carro. Compre uma bicicleta de dois lugares. Esse é o espírito da coisa.