• Colorindo o Amor – Por um Mundo  Mais Tolerante
  • Colorindo o Amor – Por um Mundo


    Mais Tolerante


    Outro dia fiquei chocado quando vi dois homens de mãos dadas em frente à padaria.” Essa foi a frase torta que me fez mergulhar na conversa mole da mesa ao lado da qual estava sentado. Não conseguia mais dar valor aos saborosos goles do meu café expresso e mantive os ouvidos atentos ao discurso daquele senhor de prováveis setenta anos que claramente era contaminado por uma doença chamada homofobia.

    Até entenderia o choque se o velhote tivesse visto um homem masturbando outro em praça pública, pelo simples motivo de este tipo de carícia íntima não precisar ser compartilhada publicamente, seja em relacionamentos homossexuais ou em heterossexuais. Agora, se o mesmo vovô não arregala os olhos quando vê um homem segurando a mão de uma mulher, então qual o problema dessa mesma cena ser protagonizada por gays? Aposto que aquele ser de cabelos brancos e barba bem feita vive dizendo por aí que é a favor do amor. Então qual o motivo de tanto espanto ao ver um exemplo claro de demonstração de amor? Quem será que disse a ele que o amor só pode existir entre seres de sexos opostos? Provavelmente ele se deixou envolver por alguns pares de mentiras religiosas ou pelos ensinamentos burros de algum professor preconceituoso e incapaz de perceber a vida como ela verdadeiramente é: feita de amor entre seres, e não entre gêneros.

    É difícil acreditar que, em plena era digital, depois do homem já ter até sapateado na lua e de estar à beira do teletransporte, ainda haja a necessidade de se escrever textos como este, na tentativa de mostrar o quanto esse tipo de crendice – infelizmente popular – é tão bizarra quanto as teorias obsoletas que diziam que a Terra é quadrada ou que os átomos são indivisíveis.

    As coisas precisam evoluir. Estamos no século XXI, e todos nós precisamos usar melhor o nosso tempo. O minuto é valioso demais para ser gasto enquanto criticamos tudo aquilo que não é o reflexo de nós, que não pertence ao nosso rol de gostos ou mesmo enquanto lutamos por causas que, de tão naturais, nem deveriam precisar de advogados de defesa, de cartazes de ataque ou de pedregulhos. O mesmo senhor, que provavelmente diz ao neto “o que seria do azul se todos gostassem do verde?”, deveria repaginar o discurso e dizer: “o que seria do mundo se todos os meninos gostassem de meninas e se todas as meninas gostassem de meninos?”. Inevitavelmente, um mundo menos colorido.

    Eu gosto de mulheres, mas admiro – e muito – os tantos homens que, num mundo como o nosso, cheio de olhares punitivos, têm a coragem necessária para assumir um amor homossexual e encarar as chicotadas consequentes dessa orientação sexual.

    E se você agora está planejando quebrar uma lâmpada na minha cara, pense bem. Você também sente vontade de machucar aqueles que não gostam dos mesmos livros que você? Você também sente raiva das pessoas que não comem os mesmos pratos que você? Você deseja mal àqueles que gostam de cores diferentes daquelas de que gosta? Então, por que nutrir o ódio por alguém que simplesmente tem uma orientação distinta da sua? Mais amor. E tolerância, por favor.


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