Ele mora sozinho, e você logo viu na casa dele uma espécie de motel particular, refúgio nas horas de perigo e – por que não? – um patrimônio fruto da comunhão de bens de um relacionamento estável. No primeiro dia você esquece propositalmente a calcinha enrolada nos lençóis, só pra dar uma de safadinha sedutora. Semanas depois suas calcinhas já saíram da cama e foram parar no registro do chuveiro, você raspa as pernas com o barbeador dele, jogou fora umas camisetas velhas que “ele não usa mais” sem consultá-lo e, de repente, ele mandou você voltar pra sua casa porque estava precisando de “espaço”. Sinto lhe informar, moça, mas seu namoro acabou mesmo por falta de noção, não de espaço!
Se você começou a frequentar a casa do cara com quem você está ficando ou a república daquela menina incrível que você conheceu esses dias, preste atenção ao que eu vou dizer agora: você é visita! V-I-S-I-T-A! Não é porque vocês andam de mãos dadas, porque vocês transam até o limite da exaustão, porque você cozinhou pra ela, porque você fez compras pra ele, porque você dorme lá quatro noites da semana, que a casa é “um pouquinho” sua. Não, a casa não é nada sua. Nem começa. Você pode aproveitar toda a infraestrutura que o “amor” te ofereceu, não tem problema, mas a frase “finge que a casa é sua” deixa bem claro que é só pra fingir, ok?
Suas coisas devem chegar numa mala e voltar da mesma maneira. Se seu parceiro sugerir que você deixe um pijama lá, ou sua namorada decidiu que você pode trazer umas duas camisetas pra passar o final de semana, tudo bem. Mas só marque território com os seus objetos quando isso partir do dono da casa. Não vale redecorar os cômodos, mudar os móveis de lugar, mudar o papel de parede do computador, sumir com alguns CDs e discos “meio chatos”, reorganizar os livros “por cor” ou as roupas e as coisas todas. Deixe como você encontrou, respeite o espaço e as opiniões do outro dentro da própria casa.
Outro ponto fundamental é respeitar os outros moradores que chegaram antes de você. Se seu namorado divide o apartamento com um amigo, ele tem infinitamente mais direitos que você, além de também merecer o próprio espaço: sair só de calcinha e sutiã pela casa não é uma opção. Se quando você chegou sua namorada tinha um bichinho – um gato, por exemplo – você não pode querer mata-lo, doá-lo, prendê-lo numa jaula ou coisa parecida: ele chegou antes de você, foi amado antes de você e já dormiu na cama dela muito mais vezes que você, pode apostar.
Demarcação de território indevida também contribui para você ser “despejado(a)” da casa da sua namorada ou namorado. Pelos no sabonete. Xixi pra fora da privada. Usar a sua toalha na cabeça, a dele no corpo e deixar ele se secar no vento. Espalhar suas coisas no quarto dela. Acabar com coisas do outro, tipo, comer todos os chocolates, beber toda a cerveja, comer toda a pizza ou acabar com a bateria do computador. Evite todas ao máximo. Assim como cometer “crimes” sozinho. Por exemplo: vocês podem tomar uma multa de condomínio porque o sexo de vocês é selvagem e barulhento demais. Mas se um dia você estiver ouvindo música alta, tarde da noite, enquanto ela está no banho, e isso resultar em multa, você é um babaca. Nessa categoria entram coisas como abrir correspondências, atender o telefone, alugar filmes no Pay Per View e pedir coisas para vizinhos (açúcar, chave de fenda, bebidas, massagens etc), entre outros tantos erros que você só pode cometer com o dono da casa ao lado.
Por fim, para garantir que essa convivência debaixo do mesmo teto não se torne um pesadelo, assim como você, visitante, precisa prestar atenção, os donos das residências também não podem ser completamente liberais. A pessoa abre o coração, abre as pernas e, de repente, já abriu até uma conta conjunta no banco. Não dá. Meninos e meninas, entre quatro paredes vale tudo, mas só no sexo. No resto do tempo as regras da sua casa devem prevalecer. E é sempre bom lembrar que gays, lésbicas, bis, héteros, negros, brancos, pardos, amarelos, vermelhos, azuis, novos, velhos, gordos, magros, terráqueos e marcianos não possuem direitos diferentes. Portanto, essas regras de convivência valem para geral. Bom senso é bom senso aqui e na China. E na casa do seu namoradinho também.