Não vai passar. Enquanto você ficar fuçando a vida dele no Facebook. Não vai passar essa sua fixação, ou dê o nome que quiser dar, enquanto você insistir em velar um defunto que já foi enterrado há séculos atrás.

Não vai passar. Enquanto você comparar o beijo, o cheiro, os dentes, o papo, a marca do carro ou sabe-se lá mais o quê de todos os caras que te tentarem te convencer que existe vida após esse rapaz; que ok, todo mundo já sabe: te marcou demais, foi incrível, sensível e especial, mas não quer saber mais de você.

Não vai passar. Enquanto você falar sobre ele pela milésima vez na mesa do bar, enquanto no almoço de domingo com sua família, e na terapia, ele for o único assunto, enquanto você enxergar clones dele na praia, na livraria, no supermercado, na Paulista. Não vai passar.

Você simplesmente vai permanecer amarrada a essa verdadeira cilada, que é viver em função de quem nem lembra mais que você existe. Sim. É triste. E cruel consigo mesma, esse tipo de comportamento. Que não vai passar com o tempo. Que não vai passar, mesmo que você de mude de apartamento, de cidade, de país. Não vai passar enquanto você optar por ser infeliz. E procurar por ele quando sair para dançar, torcendo para a vida fazer você se esbarrar naquele sorriso outra vez.

Não vai passar. Enquanto você escrever indiretas na sua linha do tempo, crente que mais cedo ou mais tarde ele irá ler. Não. Ele nunca irá ler. E não vai passar. Enquanto você não gostar de você, e entender que a vida é curta demais, para o teu coração virar capataz de uma história de história falida.

Enquanto você pôr a culpa na bebida, na chuva, no domingo, no inverno para mandar um inbox puxando conversa de novo. E sofrer nos meses seguintes por ele não ter respondido depois de visualizado. Nunca será passado. Enquanto você alimentar essa obsessão; ou dê o nome que quiser: saudade, carência, paixão. O fato é que enquanto você financiar essa lembrança com uma postura tão incoerente, não vai passar. Por mais que você insista em afirmar, que seguiu em frente.

Seguiu coisa nenhuma. E repito: não irá seguir enquanto não lhe der o devido valor. Enquanto forçar coincidências: Praça do Lido, Baixo Gávea, Posto 6, São Salvador. Só porque são os lugares que ele costuma frequentar. Na verdade, costumava. Hoje não frequenta mais.

O cara que você namorava, já se casou com duas moças, já se separou de um rapaz, já rodou o mundo inteiro e você aí inerte, chorando a morte do bezerro. Mentindo para si mesma, que já passou. Não vai passar. Acredite. Enquanto seu discurso não fizer jus à sua ação. Você irá atravessar a vida inteira presa à essa mesma emoção. A esse sentimento inútil, a esse desperdício contínuo de energia, a esse retrocesso permanente, incoerente, equivocado. Que não vai passar. E quando você acordar, é sua vida que terá passado.

herton


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