• Sobre Saudades, Desilusões e Corações Partidos
  • Sobre Saudades, Desilusões e Corações Partidos


    Ah, a saudade… Há dias em que ela chega, puxa uma cadeira e te faz viajar em um mar de lembranças que te cria a doce ilusão de que você tinha a pessoa perfeita ao seu lado. E é nesse momento que você se sente mal, sente o cheiro do perfume, lembra a companhia diária que hoje não se faz presente, a voz, o sorriso… E tudo isso remete à ideia de que você nunca mais será feliz.

    Os dias se passaram, como naturalmente havia de ser. Já faz quase um mês, mas você ainda segue preso(a) àquela data marcante que te faz sentir um grande frio na barriga e a sensação que conhecemos por  “perder o chão”. Desde então, várias coisas perderam o sentido, e estar só virou algo torturante. Já não se tem mais a quem contar como foi o dia ou alguém para convidar para sair, mas o pensamento continua nele(a). As coisas dele(a) ainda estão na sua casa, e por um momento de carência, você acessa a lixeira de seu computador e restaura aquela foto dos dois. Para completar a fossa, seu player toca aquela canção que parece ter sido feita para vocês dois.

    Cada um sabe a dor de ser o que é, mas quando alguém que amamos decide que nos deixar é a melhor opção, a saudade se torna um padrão para todos. Todos sentem saudade: saudade de um amigo, de um momento, de um lugar. Mas quando se sente saudade de amor, a dor parece ser umas três vezes maior. E isso se deve, basicamente, a duas coisas: à posse e ao costume. Eu tinha um(a) parceiro(a), eu tinha um(a) namorado(a), eu tinha um alguém – era meu (minha), e isso é indiscutível -, assim como eu tinha o costume de ligar e perguntar onde ele(a) queria comer, eu tinha o costume de mandar SMS pela manhã, eu tinha o costume de sair com aquela pessoa aos fins de semana. Ele(a) costumava ser meu (minha), mas hoje, eu estou só.

    A grande verdade é que ninguém é dono de ninguém, e somente o tempo é capaz de te fazer perceber que talvez tenha sido melhor vocês dois se separem. Nenhum relacionamento acaba do dia para a noite – talvez os motivos floresçam com mais intensidade nos momentos anteriores à separação, mas eu costumo dizer que é tudo em cadeia. Ele já não ligava para ela com tanta frequência, ela já não costumava relatar seu dia inteirinho para ele, o número da amiga dele se destacava mais nas chamadas recebidas, enquanto o da namorada somente aparecia nas não atendidas. Os SMSs de carinho sumiram, e os dias (semanas) sem se falar não remetiam à saudade de que falo aqui. A dor, a sensação de tristeza, de não conseguir ir aos lugares aos quais vocês iam juntos estará com você sempre que você estiver sozinho, assim como a aceleração do coração e o frio da barriga que aparecem quando você reencontra seu amor.

    E aí, meu amigo, vai de cada um. Ódio, tristeza, medo, ou qualquer outro sentimento é gerado pela necessidade de esquecer, de não se sentir bem ao estar perto de quem você queria ter ao lado durante a vida toda. Por fim, o tempo mostra que só nos resta uma opção: abrir o coração de vez e permitir que novos amores venham e troquem esta saudade pela vontade, aquela velha vontade de estar junto, de contar como foi o seu dia, de ligar, mandar SMS de manhã, de dividir sonhos. Afinal, se tu não quer, meu bem, tem quem queira.


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