“Gostosa, te chupo toda!”. E lá no alto da sua gestão cafajeste você aprendeu que a cantada grosseira acompanhada de uma chupada de ar quando uma gostosa passa na calçada é coisa de macho. Não há coceira moral para suas frases de estivador estimulado pelo apetite sexual.
Desculpa perguntar, mas há quanto tempo você não dá uma bem dada? A partir da cantada de pedreiro, o rumo do seu caráter está determinado: você é um animal que não assumiu a educação. Não sabe tratar uma mulher. Não voa como gavião, mas tem a certeza de que é um predador.
Os comedores de calçada parecem viver com o pau duro, colecionam frases de caminhão no mote sexual. Mudam os adjetivos, muitas vezes ofensivos, mas não a intenção do recado. “Te chupo toda”, “ô, lá em casa que te viro do avesso”, “pelamordedeus, se eu te pego você vai ver”, “é nesses peito que eu mamava”, “é com uma dessas que eu quebro a cama”…
CHEGA DE FIU FIU! Caminhar por um espaço público não torna o meu corpo público. Esse é o recado das mulheres do blog Think Olga. Elas levantaram esse debate porque a ala feminina está com o saco na lua de ser afrontada nas vias das cidades. Não, amigo. Eu não sou sua boneca, nem sua princesa, e você não vai me chupar todinha. Sua cantada não é bem-vinda.
Depois de realizar uma pesquisa com 7762 mulheres, o cenário é alarmante: 99,6% delas afirmaram que já foram assediadas. A campanha visa combater o assédio sexual contra a mulher e desfazer a ideia de que o corpo feminino está a serviço e ao bel prazer do homem. Todas nós temos o direito de andar como quisermos pela rua. De calça ou com a saia no comprimento que nos convier. De gola rolê ou com um decote do tamanho que bem entendermos. E nada disso garante a ninguém o direito de nos intimidar com olhares, palavras ou gestos.
Eu não sou a Valesca, não coloco minhas ancas pra jogo ao som de um funk no estilo ofensa audível. Não pedi pra você secar minha bunda quando eu saio do restaurante. Apenas tento voltar sossegada para o trabalho pela calçada da Alameda Santos. Não estou requebrando meu quadril na cara da sociedade – e ainda que estivesse. Não te dei essa liberdade. Dispenso o seu tesão mal resolvido.
Um homem que se preza sabe como abordar uma mulher e também sabe que ser invasivo com desconhecidas não vai levar ninguém pra cama. Nunca vi uma buzinada no trânsito terminar 30 minutos depois num quarto de motel. Isso só existe nos filmes pornôs. Portanto, guarde sua incessante imbecilidade para um churrasco pós-pelada.
Este lado do hemisfério tem dessas coisas, carnaval, peito de fora, beija cem na micareta, blá… E nem precisa ser uma mulher tão gostosa que chega a atormentar para levar uma lambida imaginária com aquele olhar de Kid Bengala pra entrar em cena. Sem dor na consciência.
Portanto, aqui fica o alerta de um grupo ofendido chamando a atenção para a necessidade de se rever esse tipo de atitude grosseira. Garotas, #tamojuntas!
