• Pra quando você fica,  mesmo quando acha que se foi
  • Pra quando você fica,


    mesmo quando acha que se foi


    Vou guardar duas coisas: você e tudo que você me dava. Hoje, trago em mim conversas sem futuro, mas sobre o amor, entende? Aquela ânsia gostosa de acordar de um sonho bom e continuar sonhando de que os travesseiros ali são tuas pernas: ora entre minhas coxas, ora por cima de mim, feito edredon em dia frio.

    Todos os dias são frios, desde que se foi – mais frios do que teus pés gelados de como alguém que carrega icebers nos dedões. Frio e sem açúcar. Falta você aqui: você e tua bochecha mordível adocicando meus dias. E existe fruta mais doce do que a maçã do teu rosto?

    Acho que não.

    Vou guardar tuas manias e teus cuidados: quando tomava mais chuva do que eu ao dividirmos o guarda-chuva ou de quando me cobria à noite porque você queria dormir com o ar condicionado ligado e eu morria de frio.

    Dia desses, arrumando minhas bagunças, encontei um bilhetinho teu, daqueles que deixava ao lado da minha cama quando saía mais cedo de casa e dizia algo bonito. Neste, falava com teus garranchos: vamos-almoçar-juntos-hoje?.

    Me alimento de saudades desde então.

    Em mim, reuni aquele silêncio da sala vazia, cheiro de roupa guardada e calmaria feito navio em meio ao oceano. Tudo tão mudo que sinto falta até dos teus gritos só porque teu time fez um gol – ou o goleiro do teu time defendeu um pênalti – que, segundo você, valia mais do que um gol.

    Você comemorava e sorria.

    Nunca te falei, mas o som da tua gargalhada deve inspirar canções bonitas, daquelas que ficam em eternos repeats em nossos fones, sabe?

    Ainda carrego em mim aquela esperança tola de que tudo irá acabar bem – ou recomeçar também. Porque pra mim você ficou, mesmo quando achou que tinha ido.


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