• Sobre a arte de cuspir no prato em que comeu
  • Sobre a arte de cuspir no prato em que comeu


    O mundo ainda não tinha um bilhão de pessoas e todos os terráqueos habitantes dele já haviam sofrido por amor. E, desde a queda de Roma, relacionamentos onde amor e paixão residiram por muito tempo (ou pouco tempo com intensidade) não costumam terminar bem.

    Chegamos à civilização graças a Deus e não temos mais que lutar com búfalos para conseguir a janta, mas, ocorre que você está em paz com as suas escolhas até que isso para de dar certo e a vida vira do avesso. Poderia ser até um clássico do cinema marginal, mas eu estou falando da última vez que o caos tomou conta da sua vida sentimental e num piscar de olhos seu relacionamento terminou e a trilha sonora que traduzia esse momento era Highway To Hell.

    Na antítese da paz de espírito, exalamos em ofensas todos os nossos venenos e assim provamos que somos tão animais quanto todos os outros que habitam o planeta. Estou falando sobre cuspir no prato que comeu. 

    Aquela pessoa que despertava seus melhores sentimentos passou para o lado de lá e neste capítulo macabro da sua existência, em míseros segundos, vocês perderam todas as afinidades. 

    Uma convulsão tomou conta do seu equilíbrio. Era o Sodoma e Gomorra da raiva! Você não sentia aquilo, mas falava por sadismo. As diferenças sempre existiram, mas nunca tinham sido vencidas pelo nonsense. Pelo amor de Deus, não me venha com o clichê “o amor é cego” porque eu tenho ojeriza a gente hipócrita. Você gostava dele mesmo sabendo de todos os podres embutidos naquela carcaça humana. Ela era sua musa mesmo tendo o vexatório hábito de ser telespectadora assídua do programa de fofocas do Nelson Rubens na RedeTV!.

    Das lágrimas solidificadas nasce o ódio. Quando a ficha cai e você entende que não tem mais namoro, você, alimentado por um instinto estúpido, passa a rotular a pessoa, a reduzi-la. Não há generosidade no fim da linha.

    O espírito de benevolência se aplica só a você: “quem é esta pessoa que eu não conhecia, que se mostrou dessa maneira só no final?” Daí então, assiste ao declínio do seu bem estar físico e mental. E a gente demora a perceber que aquilo não é uma escolha incontornável da vida.

    Durante nossa trajetória, descartamos e somos descartados, mas em muitos momentos, aquele ser odioso tinha tudo a ver com você. Por que raios a gente baixa o nível e perde a razão?

    Seria perfeito se o homem criasse uma segunda pessoa em si mesmo para o ver e criticar. O holocausto da falta de controle jamais aconteceria. Num futuro não muito distante, você não vai conseguir dar conta das merdas profetizadas devido ao fato de não ter se responsabilizado por duvidosas palavras em momentos de bravura.

    Depois vai ficar aquele monólogo castigante entre você e você mesmo. Por que eu falei?  Que merda eu fiz! CUIDADO!

    Pense que em todos os términos o mundo vai se tornar um lugar novo e você vai ter a nebulosa impressão que ficou um caminho desconhecido para percorrer. Mas isso passa. Porém, pode passar de maneira mais digna. Não deixe que suas frases atropelem pessoas com a força de um jeb do Jon Jones.

    Passei um relacionamento inteiro rachando conta e no final até de interesseira meu ex me xingou, isso porque meu affair antes dele era um cara de grana. Menos de um ano depois, me procurou. Daí vocês me perguntam: ele tem Alzheimer? A resposta: não, apenas queria lamber o prato que cuspiu.

    Eu lavei a louça e guardei no fundo do armário, afinal, ninguém quer levar um soco do Jon Jones pela segunda vez, certo?


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