• Mais altruísmo, por favor – porque  precisamos de gente de verdade
  • Mais altruísmo, por favor – porque


    precisamos de gente de verdade


    Somos a geração do aqui, agora. A gente quer tudo, a gente foi criado pra isso, a gente não sabe lidar com frustração, a gente está meio que lotando os consultórios dos psicólogos por aí e reclamando que a vida não está exatamente de acordo com esse nosso plano de dominar o mundo porque somos especiais, porque somos diferentes de todo o resto, porque temos alguma coisa aqui dentro que me faz melhor que você. Isso todo mundo sabe. (E todo mundo sabe que, quando uma sociedade inteira acha que é melhor do que o resto da sociedade inteira, é porque vem merda por aí).

    O que fica complicado é decidir quando isso é ruim e quando é bom. É que essa coisa de ser mimado e de querer tudo aqui, tudo agora, é ruim, claro que é ruim, porque gera frustração, porque nos leva a operar por registros que não têm qualquer base na realidade, porque nos tira do chão. Mas, ao mesmo tempo, a gente precisava ser um pouco mais egoísta. O mundo andava precisando de uma dose de egocentrismo, mesmo que em conta gotas. É que em 2014, aqui, agora, na minha sala, no meu sinal de wi-fi, chega tanta informação, vindo de tanto lado, com tanta gente dizendo como a gente precisa se comportar, como se vestir, como trepar, como ser feliz, como abdicar do glúten, que não dá mesmo pra não parar um pouco e olhar pra dentro de si, esquecer do mundo, e se perguntar do que a gente realmente precisa, o que realmente faz a gente feliz.

    Mas aí vem o problema mais uma vez. E se estivermos olhando demais pro nosso próprio umbigo? Quando saber qual é a hora de parar? A gente quer tudo o que nos agrade, nos faça bem, tudo o que se encaixe perfeitamente na nossa rotina, no nosso dia a dia, no que a gente quer pra vida. Mas e quando chega a uma hora no relacionamento em que a gente precisa ceder um pouco? Em que a necessidade do outro é mais importante que a nossa? Sabemos mesmo lidar com isso? Eu acho que não.

    Eu acho que, porque a gente não tomou cuidado o suficiente, essa coisa linda de prestar mais atenção nas nossas necessidades e nos nosso desejos acabou nos destreinando para uma parte fundamental de qualquer relacionamento. Aquela parte que a gente sabe de cor do discurso do padre, mas que tinha que estar presente até nos namoros com duas semanas de duração: o ‘na saúde e na doença’.

    Porque a vida é assim. Ela funciona em ciclos de mel e de bosta. Uma hora, tá tudo lindo e maravilhoso. Na seguinte, você está chorando pelos cantos sem saber o que fazer. E é de uma hora pra outra mesmo. Desgraça vem tudo junto, que é pra pegar com mais força. E se a gente não tiver com quem contar, se não tiver pra quem olhar do nosso lado, e nos apoiar, vale nada, não. O outro precisa da gente. É preciso estar disposto a entender que o outro é todo um mundo sobre qual a gente não sabe nem a metade. É preciso erguer a cabeça pra diante do próprio umbigo. É preciso mandar o nosso rei na barriga calar a boca de vez em quando.

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