• Sempre chega uma hora  que o coração pede abrigo
  • Sempre chega uma hora


    que o coração pede abrigo


    “Eu quero a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida […]”. Um desejo tenaz clichê entoado por vozes como as de Cazuza, Cássia Eller, Bethânia e Gal, mas de um significado tão presente no peito de muita gente. Nem precisa ser a idealização de um amor romântico para viver esses versos, mas tem horas que tudo o que buscamos é o mais puro sossego de um coração embalado por várias das canções melódicas que se pode tocar nas rádios.

    Sabe aquela hora em que olhamos para dentro de nós e vemos um coração cansado de envolvimentos efêmeros? Sexo pelo puro prazer do sexo, em que mãos, pele, suor, tesão e atração se misturam é sensacional. Mas e o dia seguinte? Bate aquela vontade de curtir uma preguicinha boa, ouvindo Bob Dylan invadir o quarto, enquanto as cobertas voltam a disfarçar o vento frio que teima em entrar pela fresta na janela. E é lá, por debaixo dos lençóis, que sente-se toda a diferença. Aquele encaixe perfeito de braços, pernas e quadris que aquece os corpos, em que, maior que o tesão, a paixão fala mais alto.

    São as pequenas coisas que fazem mais falta. Uma mensagem no meio da tarde só para dizer que sentiu saudade; a pipoca e o filme num sábado à noite e, entre um punhado e outro, um beijo com sabor de um doce sorriso salgado; as viagens de fim de semana à praia, ao campo, ao céu; até mesmo os ciúmes que nunca chamamos de ciúme, mas de “tô abrindo seu olho porque esse(a) menino(a) tá a fim de você”.

    Tem momentos que só o que precisamos é a certeza de poder contar com alguém que possa enxugar nossas lágrimas, dividir nossas alegrias e brindar nossas conquistas. E isso sem precisar pedir nada em troca. A doação já é mútua e natural. O entrelaçar dos dedos num inocente passeio de domingo no parque já é prova maior daquilo que precisamos para ligar nossos corações.

    O prazer de contemplar o mundo a dois, caminhando sem pressa, dividindo a vida, o travesseiro e os sonhos, é o que faz querer dar esse sossego ao peito e, a partir daí, “transformar o tédio em melodia”. Chega uma hora que o coração pede abrigo.

    *texto originalmente publicado aqui.

    vitor


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