Suas escolhas lhe trouxeram até aqui: um quarto vazio, uma música triste, uma taça de vinho barato sobre a mesa e solitária. O telefone não toca, ninguém liga para saber como está. Faz algum tempo que não recebe uma mensagem de “Durma bem, meu amor!”. Sentada em frente ao computador vê seus amigos e conhecidos construindo famílias: casando, tendo filhos, namorando. E percebe até onde as escolhas lhe trouxeram: Até a solidão. Os garotos que gostava e tinham todos a sua disposição, possuem outra vida, outro alguém. É difícil reconhecer: “Mas você foi trocada mais uma vez, e mais uma vez!”.
Pensar “O que houve de errado?” parece soar como um mundo de defesas, medos, distanciamentos, barreiras e de querer ser livre. Liberdade que lhe possibilitou ter asas para ter quem quiser sem se prender. Não se prendeu. E suas escolhas lhe trouxeram até aqui: a uma vida solitária. Seus anos vividos já aparentam em seu rosto, em seu corpo, em seu jeito. O sorriso não é mais o mesmo, perdeu a doçura, perdeu o carisma, está fria, seca e durona. Para alguns, se tornou “careta”.
Preferiu amar a si e construir sua vida baseada em metas pessoais e em uma carreira. Preferiu correr atrás do sucesso, viver os seus próprios sonhos e agora suas escolhas te trouxeram até aqui: você não imagina seu futuro com outra pessoa.
Como parece ser sofrido, vejo suas lágrimas, mas suas escolhas te trouxeram até aqui: a amar somente a si. E amando somente a si, você esqueceu-se de ensinar o outro a te amar. E com medo de ser só você esqueceu-se de valorizar e tudo passou, e todos passaram, e ninguém ficou… Ninguém ficou para te dar um abraço agora, ou dizer que “tudo ficará bem”. Você é o seu conforto, mas não há mais forças para tentar se proteger.
Hoje vejo você se derramando em dor, em lágrimas em pedidos de atenção. Hoje vejo uma mulher louca para ser amada, não que não fora em seus inúmeros relacionamentos. Mas que deseja preencher o imenso vazio. Talvez pense que se as escolhas fossem outras não estaria sozinha agora, a dúvida te consome, eu sei, e relembra a sua vida ao som de “Epitáfio”.
Mais ainda dá. Ainda se há tempo para dizer que ama, para se permitir a amar, para deixar ser amada, para lutar e correr atrás de alguém, não apenas de seus sonhos. É possível ser livre na presença de outro alguém. E suas escolhas te trouxeram até aqui. Ainda há tempo de colocar outra taça de vinho à mesa. Basta você querer.
