• Início, meio e… sem fim
  • Início, meio e… sem fim


    Ele me pega no colo sem fazer esforço. Ri do meu medo de lagartixas e chora toda vez que escrevo pra ele. Ele tem o dom de me fazer rir até sentir dor. Quando não consegue naturalmente, abre um vinho e até o vizinho reclama das nossas gargalhadas.

    Nos conhecemos de um jeito não muito romântico e nada parecido com os filmes. Não faz mal, o meio da história sempre foi o mais interessante pra mim. Adoro todas as suas tatuagens, que parecem que já nasceram com ele.

    Até hoje não entendo como ele consegue dizer tanto sem falar muito. Uma única frase dele e estou entregue. Ele ensaboa as minhas costas no banho e escreve recadinhos românticos no vidro embaçado do boxe.

    Gosto de ficar assistindo ele tomar uma ducha enquanto imagino o que faremos depois. Às vezes bate uma preguiça e a gente passa o final de semana embolado no edredom, vendo séries e alternando entre pizza, pipoca e brigadeiro. Durante a semana tudo é tão corrido e ainda dá tempo de sentir saudades.

    Ele me acorda com jeitinho e atura meu mau humor matinal todo dia. Eu sou meio durona, ele é sensível demais, sei lá como a gente deu certo. Vez ou outra a gente briga, mas, minutos depois já está tudo bem de novo, o orgulho nunca é maior que a vontade de ficar junto.

    Ele me enche de orgulho a cada nova conquista “nerd”. Gosto de escutá-lo explicar coisas estranhas, como a origem do controle remoto. Ele consegue ser a melhor pessoa do mundo e a mais chata também, confesso. Vamos ao restaurante e ele sempre tenta inserir um novo prato na minha vida, eu faço cara feia e acabo pedindo o de sempre. Ele ri. Já sabe que sempre pego mais comida do que aguento e aproveita pra comer o restante. Ele diz que é pra não desperdiçar, eu rio, nós dois sabemos que é gula.

    Assistimos jogos juntos, torcemos pro mesmo time, mas, eu ainda não entendo sempre quando é ou não impedimento. Hoje ele me perguntou quando eu percebi que estava apaixonada. Eu disse que foi quando eu, que nunca gostei muito de falar ao telefone, me peguei ligando só pra ouvir a voz. Ele riu. Na verdade não sei ao certo quando me apaixonei.

    Sempre preferi o meio das histórias ao início. A diferença é que nessa nossa história, cruzo os dedos e torço para que não haja fim.

    jessica


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