Eu já chorei por amor o equivalente a dois oceanos Atlânticos e um Pacífico. E, talvez, mais meio Mar Morto. Não me orgulho disso, mas também não me envergonho. Rapaz, se tem uma coisa no mundo que valha uma lágrima, ou um milhão delas, essa coisa é o amor. Tecnocratas, burocratas, investidores de Wall Street e fazedores de dinheiro em geral: não há nada mais importante no mundo do que o amor. O amor por uma única pessoa, dentre as 7 bilhões que há no mundo, e que nós, sabe-se lá porquê, tiramos da vala comum e elegemos como ser especial, ou o amor por toda a humanidade.
O amor serve pra duas coisas: pra nos fazer felizes e pra nos dilacerar. Em algum momento isso vai acontecer. A gente segue pela vida colecionando desilusões amorosas, mágoas, ressentimentos e toda essa tralha que não serve pra muita coisa. Somos todos uns estropiados do amor. Mas, apesar disso, seguimos amando. Ainda bem. Quem recusa amar por medo acaba perdendo chances verdadeiras de viver uma relação que valha a pena. Pois somente as relações mais intensas te farão sentir sensações mais profundas: seja ela euforia ou dor.
O amor é difícil porque é uma projeção. Nunca amamos o outro, mas a ideia que fazemos do outro. E a ideia de que o outro veio ao mundo para nos fazer felizes. Como se ele não tivesse nada mais importante pra fazer na vida. E quando nos damos conta de que esse amor só existe no plano das ideias, de que ele é uma fantasia nossa, alguma coisa entre um unicórnio e um chupa-cabras, bom, isso dói.
Essa história de fazer de conta que não tá doendo não é comigo. Daí os oceanos de lágrimas que eu já chorei. Sou do tipo que põe aquela música pra tocar só pra chorar mais fácil. Sei que os mais cínicos vão dizer “vai chorar na Cantareira pra ver se enche”. Amigo, eu não consigo evitar. Eu sou uma romântica, caralho.
Mas o fato é que, depois de muito chorar e muito sofrer, uma hora a coisa toda passa, sem a gente perceber (o lado ruim da vida é que nada dura pra sempre; o lado bom, também). Pode levar uma semana, um mês, um ano, não importa. Um dia você acorda e a imagem dele ou dela não é a primeira coisa que lhe vem à mente. Você nem se lembra de ir olhar o celular pra ver se tem ligação perdida, vai quê. Você se pega sorrindo ao longo do dia por uma coisa boba, ou sentindo um gosto diferente na comida, ou com vontade de experimentar uma coisa nova. Você se pega gostando da vida de novo.
Tá pronto pra outra. Pra amar de novo. E pra se lascar de novo.
O que é um bom sinal. Sinal de que você pertence à ordem dos três Vs: vivo, vibrante e vulnerável. Deliciosamente vulnerável.