De quanta coragem você precisará para ser, de verdade, quem você – por dentro – já é?
Quanta coragem será necessária para que você, ao invés de a doutora que o seu pai tanto quer e a filha casada que a sua mãe vive a pedir nas orações, aceite correr o delicioso risco de ser a mais realizada, solteira e FELIZ roteirista da galáxia? Hein? Muita? Muita mesmo? Rios de coragem? Claro que sim, minha cara! Não vou mentir. Não vou enganar você.
Você precisará de muita coragem para sair de dentro da manada e, finalmente, seguir em direção ao lugar no qual sempre sonhou em estar.
Você precisará de muita coragem para não murchar nas muitas vezes em que os invejosos afirmarão que “você nunca conseguirá”, tentando fazer com que você se torne um deles, medrosos que morrerão afogados em um mar de “E se eu tivesse ao menos tentado, como teria sido?”.
Você precisará de muita coragem para dizer “eu curto as minhas coxas assim, finas”, quando a maioria das revistas, blogs e vizinhas falarem que bonito mesmo é ter coxa grossa, de tora, à la Panicat.
Você precisará de muita coragem para tirar a canga e expor as suas gordurinhas a esse bando de gente que vive a dizer que biquíni não é pra você.
Você precisará de muita coragem para não querer ser mãe em um mundo no qual ter um filho parece ser uma obrigação, uma etapa necessária para qualquer mulher que deseja ser alguém na vida.
Você precisará de muita coragem para comprar uma bicicleta, passagens para bem longe e hospedagens em hotéis sensacionais, ao invés de gastar toda a sua poupança em um vestido branco, em maquiagens que não borram e em bem-casados que acabarão no fundo da bolsa de velhinhas diabéticas e cleptomaníacas.
Você precisará de muita coragem para assumir que, além de ler Dostoiévski e Leminski, você também curte dar uma espiadinha no Big Brother. E que ri pra caralho quando assiste às pegadinhas do João Kléber, mesmo sabendo que elas não passam de teatrinho.
Você precisará de muita coragem para dizer, em meio aos seus amigos roqueiros e tatuados, que você adora as músicas do Chitãozinho & Xororó. As do Zezé também.
Você precisará de muita coragem – MUITA MESMO! – para ser diferente do que a maioria espera de você. Mas qual é a graça de morrer antes de usar esse imenso estoque de coragem que você guarda aí dentro? Hein?
Então use! E seja feliz à sua forma, mesmo que os outros lhe achem alguém fora de forma e imperfeita por não ser igual aos tantos que parecem ter saído da mesmíssima e enfadonha fôrma.
