Ontem eu me meti na muvuca, enfiei-me sozinho e sóbrio no miolo mais embriagado, berrante e grudento de um bloco carnavalesco. Apesar de eu não gostar nem um pouco do Carnaval e de outros tumultos melados do tipo, eu fui lá para encontrar um primo querido, parente que eu – depois de vagar feito um walking dead entre abadás fosforescentes e sovacos atômicos – nem sequer vi a cor. Mas foi bom. Foi bom porque tive a oportunidade – se é que isso pode ser considerado uma oportunidade – de presenciar a babaquice masculina de perto e em quantidade suficiente para finalmente entender a crescente descrença feminina no homem.
O que eu vi de tão chocante no Carnaval? Vi um moleque chamando uma mulher de “vadia” depois de ouvir um “não”, como se dizer “sim” à proposta dele fosse algo obrigatório por lei, um decreto inviolável. Vi um cara que, ao invés de começar o xaveco com um “oi” educado ou com um sorriso qualquer, já chegou agarrando uma moça pelo braço, como se ela não passasse de bicho arredio a ser domado. Vi um grupo de imbecis que ficava gritando coisas ofensivas como “Cadê a sua bunda?” para todas as moças com quem cruzava. Vi que, para muitos homens, a expressão “Não quero!” tem o mesmo significado de “Continue a me puxar pela cabeça, pois estou apenas fazendo charminho, meu lindo!”. Vi mulheres reclamando porque tiveram partes íntimas apalpadas a contragosto, como acontece com as frutas na feira. Vi homens mexendo com mulheres acompanhadas, em busca de briga, de motivo para derramarem sangue. Vi babaquices de todos os fedores, violências e amarguras.
E sabendo que atitudes idênticas àquelas que eu presenciei no bloquinho também acontecem em baladas, bares, esquinas, escritórios e shoppings, fica muito fácil compreender a razão pela qual muitas mulheres – quando questionadas sobre o que querem em um homem – têm citado coisas que deveriam ser itens de fábrica em qualquer cidadão. “Educação, caráter e respeito”, elas respondem. Porque é esse tipo de coisa que está faltando por aí, onde cabelos modelados e peitorais depilados estão sobrando.
A grande verdade é que, em meio a tanta atitude bizarra e injustificável, está muito fácil ser desejado por elas. Ou acha que demonstrar educação e respeito é algo difícil? Graças à postura escrota – e recorrente! – de muitos machos, hoje, antes mesmo de barbas por fazer, tanquinhos e tatuagens pelo corpo, elas têm desejado homens capazes de tratá-las bem, que realmente se preocupem em praticar o respeito – não apenas com elas, mas também com garçons, frentistas, família, natureza e outros. O que deveria ser o básico do básico do básico, coisa de faixa branca, agora se tornou objeto de desejo da ala feminina e motivo de encantamento. Louco, né? Mas é real.
É óbvio que elas não resistem a um moço educado e, ainda por cima, com entradinhas no abdômen e queixo quadrado. Mas um barrigudinho que sabe como demonstrar educação e respeito certamente deixará qualquer mal-educado com aspecto de Brad Pitt no chinelo. Acredite. E seja sexy! Porque sexy mesmo é não ser babaca.