“O que fazer pra evitar a traição?” É a pergunta que mais recebo dos leitores, e, curiosamente, a que tem a resposta mais simples de ser dada: Nada. Absolutamente nada.
Sempre achei de uma cara de pau absurda – e, porque não dizer, de uma escrotidão sem dimensões – tentar justificar a traição através de atitudes do companheiro traído: “Ah, ela estava fora de forma.” “Mas a gente nem transava mais!” “Ele não me dava atenção, eu estava carente.” “Nossa relação tinha caído na rotina e ela já não fazia nada pra melhorá-la.”
Toda e qualquer desculpa que um traidor possa dar para legitimar a sua pulada de cerca me parece uma esdrúxula tentativa de justificar o injustificável. Não que eu pregue a fidelidade eterna e incondicional mesmo em relações fadadas ao fracasso, mas é que existe uma solução simples a ser aplicada quando a relação cai na rotina, o companheiro já não agrada mais ou o sexo é meia boca: pegar a mala e ir embora.
Eu até aceitaria tentativas de justificar traições em relações monogâmicas no passado, quando as pessoas se relacionavam/casavam por conveniência, dinheiro ou pressões sociais. Mas em um mundo em que terminar relacionamentos tornou-se tão natural quanto trocar de roupa, a traição me parece uma escapatória de quem já não quer a relação que vive – ou não sabe exatamente se quer – e não coragem de se decidir.
Trair e colocar a culpa na bebida, na carência ou na pressão dos amigos é patético, mas trair e colocar a culpa no parceiro é cruel. Porque você sempre tem escolha. Se o parceiro já não agrada, é só dizer adeus e ir viver outros amores sem enganar ninguém. Aquela velha história do “jogar limpo”. E, se traiu, que assuma: não foi porque o parceiro não queria sexo ou não te elogiava mais. Foi porque você quis, você errou, você traiu.
Por isso, não dá pra se culpar por ter sido traído porque não dá pra evitar a traição. Quando o parceiro não consegue conviver monogamicamente ou simplesmente acha natural trair, acredite, você pode fazer sexo oral três vezes por dia e levar café na cama diariamente: elx vai te trair na primeira oportunidade.
Portanto, não se ocupe em monitorar os passos do parceiro, nem em ser um (a) namoradx perfeitx que nunca será traídx. Dê o melhor de si a quem assim merecer e, se a traição vier, siga em frente com a certeza de que você não poderia ter evitado, porque o mau-caratismo alheio foge ao nosso controle. Não acredite nessas listas de internet de “tantas razões pelas quais os homens/mulheres traem”. Você não teve culpa. Por que o único culpado pela traição é quem traiu – o resto é desculpa esfarrapada.
