Engraçado ter saudade de você se eu nunca te vi. Eu queria que existisse uma palavra em português que explicasse essa minha angústia. Porque sentir falta do passado que já não volta mais é saudade, mas como eu explico a falta do que nunca aconteceu? Como descrever sua importância nas histórias que nunca vivi?
Quem sabe essa seja a nossa graça, não é? Por que estragar uma história que parece tão boa, com uma porção amarga e sem graça de realidade? O que nos aproximou foi justamente o fato de que não estaríamos juntos nunca. Somos aqueles cachorros que latem pelo portão de casa, mas que nunca morderiam se pudessem. Nós não queremos morder.
Ou quem sabe sejamos apenas muito conservadores, e nós dois somos um investimento de alto risco. Afinal, o que você tem de mim além do que te contei por mensagens? Eu, que sou íntimo do seu perfil e das fotos que já vi, não sei se você é educada com os garçons, se prestaria atenção nas músicas que eu escuto no carro, e se me aturaria discutindo com meus amigos qual o melhor CD do Queens of the Stone age.
Eu abro a minha linha do tempo e você ainda está naqueles favoritos do bate-papo. Te vejo ir de online para offline, fazer mais uma tatuagem, e te vejo sair por aí. Mas se existisse aquela palavra em português que ainda não encontrei, eu queria que ela explicasse que se eu sou o seu “Talvez”, você é a minha “Se”.
Pois para tudo aquilo que jamais viveremos: Se você, talvez eu.