Ela sabe o que quer, e isso me fascina, encanta-me como pouca coisa consegue.
É óbvio que ela, vez ou outra, como qualquer terráquea normal, manda um “Tô em dúvida!”, mas, na grande maioria das vezes, enche os pulmões de ar e toma uma atitude, independente do medo que sente de optar pela porta errada.
Um dia, há muito tempo, ela já deu bola para a moda; hoje, porém, não está mais nem aí para o blábláblá quase sempre imperativo cuspido pelas revistas e blogueiras; corta curtinho quando juram que o negócio é deixar cabelão, mistura sapato preto com bolsa marrom, acha que roxo não combina com batom e continua a fazer “francesinha” nas unhas, mesmo depois de ter ouvido, mais de mil vezes, que os tons de cinza – e os metálicos – é que estão em alta nesta estação.
Da última vez em que um namorado disse: “Se não trocar de roupa, eu não vou sair com você!”, ela trocou de namorado. Simples assim. Fez isso porque além de saber o que quer, ela sabe, também – e muito bem! -, o que não quer e não precisa aturar. Ela não tem a menor dúvida quanto ao tipo de cara com quem nunca chegará perto de um altar, nem para salvar filhotes de pandas.
E na cama? Ora, na cama ela também sabe o que quer, ô se sabe! E, definitivamente, não quer aquilo que dizem por aí que toda mulher quer e deve querer. Nada disso! Quer, somente, o que lhe dá prazer, o que faz com que ela goze bem gostoso, da alma à boceta. Quer e não tem a mínima vergonha de pedir: “Quero que me chupe aqui, que me foda ali, que me morda lá, que tire a sua calça já!”.
Quando deseja um homem, ou uma mulher – ou tudo junto e deliciosamente misturado! -, não faz cerimônia ou começa a torcer por uma atitude alheia. Não mesmo. Ela chega pertinho, bem pertinho, e logo lança um “Oi, tudo bom? Tá a fim de ser feliz ali na escada de incêndio?“ E mesmo quando não dá certo, o que é raro, ela se sente feliz por ter agido, pois o que ela não quer, nem morta, é ficar com um “e se eu tivesse…” entalado na goela.
O que mais ela quer?
Ela quer continuar usando sutiã 38 e com dobrinhas na barriga. Quer que parem de olhá-la com espanto nas vezes em que ela ainda declarará: “Eu não quero ter filhos!” Ela quer que a contratem por causa do talento profissional que tem, independente da tattoo que fez no antebraço. Ela quer, antes de tudo, que a respeitem, mesmo nas vezes em que disser que quer algo diferente do que a maioria das moças quer; ou diz querer por temor do que podem dizer.
Se ela lhe quer? Como é que eu vou saber? Mas, se por acaso ela lhe quiser, sinta-se um puta privilegiado por estar dentro da lista de desejos de uma mulher que não aceita nada meia-bomba ou por imposição.