A moça do cafezinho sempre passava de cabeça baixa, com um bom dia xoxo e um sorriso amarelo. Ela fazia o melhor café que eu já experimentara na vida. Aquele que já me despertara em manhãs sonolentas típicas da vida de alguém cuja cabeça funciona melhor à noite, que já me salvara de ressacas descomunais e foi um grande responsável pelos meus dias mais produtivos.

Num belo dia – naqueles dias em que você acorda inspirado e grato à vida – olhei-a nos olhos, sorri largamente e lhe disse que aquele era o melhor café da minha vida. Contei a ela da importância daquele ato que, até mesmo pra ela, parece tão cotidiano quanto insignificante.

O café da Dona Mara é um exemplo claro dos pequenos atos de heroísmo que as pessoas fazem por nós todos os dias, e que nos passam despercebidos simplesmente porque existem, e, logo, não fazem falta. Desprezamo-os com uma naturalidade que os camufla numa nuvem de banalidade e não nos deixa perceber o quanto nós jamais passaríamos sem eles.

Aquele café é como o almoço que a minha mãe prepara quando não tenho tempo, como o documentário que uma professora do ginásio apresentou à minha turma sem ter a menor ideia de que mudaria a minha vida, uma mão estendida de onde se menos espera e quando se mais precisa, um elogio despretencioso que nos salva quando estamos num dia ruim.

É como um artigo que escrevem na internet sem fazerem ideia de que está resgatando as esperanças de alguém, um abraço com vontade que se destaca em meio a dezenas de abraços por pura necessidade de socialização, uma palavra, uma expressão, um sorriso.

Coisas pequenas que despertam sentimentos imensos. Pequenos sacrifícios cotidianos que de fato não custam nada, mas cuja falta nos custaria muito. Pedaços de gentileza que formam o grande mosaico da nossa felicidade.

Agradeça à moça do cafezinho, à frentista que te atende com um sorriso, à caixa da padaria que é sempre ágil porque sabe que você está atrasado pro trabalho, à secretária que arruma o seu quarto e sempre sabe exatamente onde está tudo o que você acha que perdeu e a todos esses verdadeiros heróis do nosso cotidiano.

Assim como eles não sabem o quanto suas pequenas atitudes nos salvam a vida todo santo dia, a gente provavelmente não faz ideia do quanto a nossa gratidão pode também fazer uma diferença imensa.

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