Traição é traição no beijo na boca ao vivo ou no flerte da internet. Quando se trata de desrespeito e de falta de vergonha na cara não existe meio termo. Ou a gente é legal e trata o nosso relacionamento como uma coisa séria, ou a gente é bem babaca e sai por aí procurando brechas no “manual do amor”. Um recado para os desavisados: o que caracteriza uma traição é justamente a perda do elo de confiança. Você pode não ter tocado, beijado, abraçado, mas o envolvimento emocional já é mais do que suficiente para colocar a pessoa que está ao seu lado de escanteio e jogar um belo balde de água fria naquilo que um dia foi chamado de parceria.
Tem muita gente que acha que paquerar uma ali na rede social, trocar mensagens com o outro ali no whatsapp, se corresponder por e-mail com alguém que mora lá do outro lado do país não configura uma traição. A única pergunta que deve ser feita neste caso é: você gostaria que o homem ou a mulher da sua vida fizesse o mesmo com você? Como dizem por aí, pimenta nos olhos dos outros é um super refresco. Quando o meteoro cai bem no nosso jardim, a chuva de estrelas cadentes de repente não é mais tão bonita.
O que dói nesta situação, como em todo tipo de traição, é saber que a pessoa que você escolheu para dividir o caminho decidiu ir passear em outros bosques só para ter certeza de que realmente não existe nada melhor fora do seu limite amoroso. Reconhecer que você foi enganado, feito de idiota, que te esperaram dormir ou se esconderam no banheiro para responder a uma mensagem, são mágoas que definitivamente não têm preço. As borboletas no estômago e a ansiedade que deveriam fazer parte da rotina do nosso relacionamento foram transferidas para uma novidade. Só que no instante em que o fator inovação passar, não dá simplesmente para olhar para trás em busca daquilo que foi deixado. Tudo, absolutamente, tudo muda quando a gente descobre que vive de migalhas.
Digo e repito, traição não tem justificativa. Não existe nada de inocente em uma conversinha picante na internet, enviar e receber fotos sensuais de alguém que não é aquele(a) que deita todas as noites no seu lado esquerdo da cama tem importância sim, e mesmo que a ideia seja não partir para contato físico é extremamente sádico, inclusive, dar falsas esperanças para alguém que pode nem saber que você é comprometido(a). Brincar com os sentimentos dos outros é feio, imaturo e egocêntrico. Quer ser popular com o sexo oposto e alimentar os seus instintos de soberania fica solteiro(a). Relacionamento não é prisão, muito menos caminho sem volta. Está insatisfeito? Volte duas casas. Antes um sofrimento sincero do que viver um amor de mentiras.
A internet criou uma falsa impressão de proximidade nas relações. Muita gente prefere se entregar a uma pessoa e a um sentimento idealizado pela tela de um computador, do que investir no sossego de uma parceria de carne e osso. Isso porque no mundo virtual dificilmente a gente desvenda as imperfeições e incompatibilidades do outro. Tudo é sempre lindo e recíproco, diferente da rotina real em que é preciso aprender a conviver com aquele lado do ser amado que nem sempre é o mais agradável. O problema de fugir e buscar conforto em amores paralelos é que esta caminhada pode nunca ter um fim. Quando a inconsistência está dentro da gente é inútil procurar por respostas em lugares que nada sabem da nossa essência.
Se resolva internamente, decida o caminho que deseja seguir e pare, apenas pare de se esconder atrás de uma máscara virtual. Confiança é um elo que quando se quebra não tem reparo. A gente supera, passa por cima, mas a gente não esquece. Nunca. Relacionamento, entrega, amor, são coisas sérias demais. Tenha muita certeza antes de entrar em um e, caso seja necessário, tenha a decência de saber sair. Respeito é bom e todo mundo adora, inclusive você. Olhar não arranca pedaços, mas uma palavra mal direcionada arranca muito mais do que uma parte do coração da gente. Leva embora a nossa admiração e isso é muito mais do que um pedaço do amor. É praticamente o amor inteiro (e o que faz o aviso do aplicativo de mensagens se tornar uma doença e não a casualidade que deveria ser). Gosta de aventura? Pula de paraquedas que a adrenalina é a mesma. Quem salta ganha o bônus da aventura e quem faz papel de trouxa, ganha o que?!