Eu sou da teoria que a gente sempre sabe o que quer e o que é certo em determinada situação. Só que por alguma razão precisamos de testemunhas que confirmem as certezas daquilo que internamente já decidimos. Saber dói. Machuca porque significa aceitar que as nossas expectativas, nossos desejos, nossa entrega de alguma maneira não foram correspondidos. É uma mudança de status de “esperando uma definição” para “finalizado” e fins não costumam ser legais. Dar tempo ao coração para assimilar as frustrações é fundamental, mas saber discernir a hora exata de prosseguir é imprescindível.
A briga entre mente e sentimentos é eterna, contudo é essencial compreender que não importa quantas pessoas apoiem ou não as suas percepções a decisão final sempre será inteiramente sua. Talvez a necessidade de se encontrar um suporte no julgamento do outro seja pela nossa dificuldade em arcar com as consequências das nossas escolhas. Procuramos sempre alguém a quem culpar para não assumir que no fundo a resolução fatídica veio da gente. É difícil demais admitir que um amor deu errado porque optamos pela travessia que parecia mais graciosa naquele momento.
Todo mundo se atrapalha em algum ponto da vida e faz parte da transição de cada um se equivocar, se arrepender, fazer péssimas ponderações. Mas, existe um limite aceitável emocionalmente para ficar remoendo estas convicções até finalmente se conseguir seguir adiante. O que se é não vai mudar o seu teor simplesmente porque você refletiu um dia a mais sobre isso. Prolongar esta circunstância de indecisão até que apareça magicamente algum fator que possa “modificar” todo o contexto também não é a solução mais acertada.
A vida, assim como os amores, precisam ser fluidos. Se você chegou à conclusão de que as coisas não estão caminhando da forma esperada é porque provavelmente elas não estão. Aceita, deixa doer o que tiver que doer e bola pra frente. É natural calcular os danos da tempestade antes do primeiro pingo de chuva. Por vezes o susto é tão grande que até tomar alguma atitude parece arriscado demais. O coração da gente passa mesmo por algumas etapas de aceitação antes de se deixar sangrar por inteiro. A questão é entender que o sangramento quando o estrago já foi feito é inevitável. Doa a quem doer.
Não precisamos de cúmplices, precisamos de coragem. Maturidade para abraçar as mudanças, os dissabores do caminho, os finais não tão felizes em prol do reequilíbrio da nossa vida emocional. Mascarar a realidade é sinônimo apenas de mais tempo perdido. É normal ter medo dos “e se” e do que está por vir, isto só não pode ser motivo de estagnação. Ninguém amou por você, tampouco vai desamar. A superação só cabe a nós. Então, não fica esperando ele(a) te priorizar quando claramente isto não vai acontecer. O gosto do arrependimento pode até ser amargo, mas nada é tão ácido quanto mendigar reciprocidade tendo um amor próprio tão bonito e gratuito dentro da gente.
