Toda boa história de amor conta um pouco do encontro, da transformação do casal e acaba num final feliz mentiroso. Talvez, histórias de amor não gostem de se prolongar para não falar do que acontece depois que se fica junto, do esforço voluntário que é viver o tal do amor. Não digo isso com pesar, pelo contrário, acho que amor que chega com muita luta não faz bem pra gente. Tem que ser natural, tem que ser vivido bem até o momento em que acaba.

Mas amor acaba?

Acaba, amor. Pode ser doloroso pra maioria das pessoas, mas acaba. A gente é que tem essa mania de justificar e desmerecer os amores que acabam. Os amores que tiveram vida útil e agora vão direto pra um limbo de memórias distantes. Os amores que não vão ficar com a gente por 50 anos como nós esperávamos, mas nem por isso deixaram de ser amores.

Percebo a falha e retomo a ideia antes que você discorde de mim: talvez o sentimento de amor nunca se acabe, o que acaba é a relação. O que acaba é o desejo de ficar junto. O que acaba é quando um dos dois olha pro lado e só reconhece um outro sentimento, uma amizade talvez, um tanto de admiração. Mas amor mesmo, aquela coisa que segurou a gente numa vontade irrefreável de estar junto, se dissipou.

Você pode me achar frio, você pode lutar com todas as forças dentro de você dizendo que essa ideia é bobagem, você pode jurar na frente do espelho que isso vai mudar quando eu encontrar a pessoa certa. Talvez. Mas eu já encontrei algumas certas, amei algumas outras, e elas continuam sendo amores distantes, lembranças de dias que me fizeram um cara melhor. Você deve ter alguém assim, com certeza. E você sabe que foi amor, mas acabou.

Acho tão dura a forma desonesta como invalidamos amores passados e tão perigosa a forma como pressionamos o atual ou futuro amor com a esperança de tê-los pra vida toda, que prefiro acreditar nessa ideia mais volúvel do sentimento. Amor existe, se manifesta na gente, se manifesta no outro, faz um rebuliço de coisas que nós nunca imaginamos que seriam possíveis. E daí a gente sabe que é amor. Uma hora, porém, ele diz aquela verdade que nunca quisemos ouvir: só ele não é suficiente. E percebemos que é a hora de deixá-los ir.

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