• Fuja de gente comprometida
  • Fuja de gente comprometida


    Se comprar um celular roubado, mesmo que sua ficha esteja totalmente limpa, vai sujar suas mãos da lama mais nojenta que existe. Ou acha que será menos bandido por incentivar o crime de maneira indireta, sem tocar num revólver? Não, não será. E, se pensar bem, notará que a mesma lógica também pode ser aplicada ao universo das traições: aquele que se envolve com gente comprometida, mesmo que solteiro, torna-se cúmplice de um ato, no mínimo, desonesto.

    Nesta vida, eu já traí e também já peguei gente comprometida, confesso. Mas hoje, felizmente, mudei o meu ponto de vista e, consequentemente, a minha maneira de agir. Eu namoro, contudo, mesmo se fosse solteirão, tenho certeza de que diria “não” a todas as mulheres comprometidas. Se a Angelina Jolie, para tentar me convencer, dissesse “Ricardo, o Brad Pitt nunca desconfiará!”, eu responderia com um doloroso – porém decidido! – ”Não”, e começaria a correr, imediatamente e sem olhar para trás, como faço quando sou perseguido por aquelas abelhonas pretas e peludas cuja picada, de acordo com a sabedoria popular, dói por 24 horas. E agiria da mesma maneira se a proposta indecente saísse da boca da Cléo Pires ou de outra boca comprometida que vive a dar água na minha, acredite.

    “Mas o problema é todo dela, que é casada. Eu sou solteiro e não tenho nada a ver com isso!”, é o que muitos declaram quando querem justificar a participação numa canalhice, como se o fato de não usarem aliança no dedo já bastasse para livrá-los de toda culpa no cartório. Hoje, porém, graças ao que aprendi exercitando a empatia, sinto-me obrigado a discordar deles e do pensamento completamente “umbiguista” que um dia carreguei por aí. Se fosse solteiro e tivesse uma oportunidade de sair com uma moça casada, antes de qualquer coisa, colocaria-me no lugar do marido traído (ou da mulher, tanto faz), e, rapidamente, concluiria: “Se não gostaria que agissem assim comigo, não vou fazer parte disso!” Simples, não?

    E para aqueles que usam o inegável potencial afrodisíaco do perigo como desculpa para justificar a constante presença em camas de gente casada, sugiro que transem na lotada sessão de estreia de Jogos Vorazes: A Esperança, na sala de TV enquanto o pai dela – e lutador de MMA – está roncando no quarto ou, até, nas águas infestadas por tubarões de Boa Viagem, em Recife. Mas, por favor, pare de usar o perigo como motivo para que continue a colocar chifres nos outros. Não é legal, cara.

    Você age assim porque foi traído em seu último relacionamento e, agora que está solteiro, quer dar o troco? Sério? Você tem quantos anos? 12? Pois isso é coisa de criança birrenta que não pensa macro. Cara, se você ficou extremamente magoado quando foi traído, por que fazer parte de traições e contribuir para que mais pessoas se sintam down como você se sentiu? Não faz sentido, certo? Empatia, mais uma vez! Empatia, sempre! Se doeu em você, aproveite a chance que tem de poupar alguém. Seja o fim do ciclo vicioso e o inicio de um ciclo virtuoso. Seja dez vezes melhor do que foram com você!

    O mundo está abarrotado de gente, sério. Está demasiadamente lotado para que você aceite ser “amante” em vez de “personagem principal”.

    Quer um bom conselho? O melhor que você pode fazer é pagar o triplo por celulares de procedência honesta e parar, de uma vez por todas, de dar corda àquilo que odiaria se rolasse com você.

    Eu sei que você já fez parte de muitas traições, assim como também já dirigiu bêbado e comprou DVDs piratas, mas amadurecer é preciso, meu caro. Ô se é. Ou passará o resto da vida fazendo fingindo que não alimenta, de alguma forma, aquilo que condena? Então siga minhas sugestões e comece a usar o melhor amaciante de travesseiros que existe: a consciência limpa.

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