“Que bom que estamos vivos” foi a frase mais importante que eu li ultimamente. Estava numa exposição, encontrei-a no meio de um quadro e na hora me impressionou. Tirei fotos que não cheguei a postar, mas essa ideia ficou marcada na cabeça.
Estamos vivos, cara. Neste momento, existem milhões de pessoas dividindo o universo. Adolescentes ansiosos numa entrevista de estágio, crianças conhecendo a praia, gente segurando um filho pela primeira vez. Existem lugares bem secos e baleias no oceano. Meninas ensaiando coreografias, gatos se espreguiçando, aniversariantes completando 7 e outros 77. O planeta é um lugar muito eclético e é mesmo uma experiência estar aqui.
Estamos vivos agora e nunca mais teremos essa idade. Percebi dia desses que reclamar dos anos é uma enorme perda de tempo. A idade só vai aumentar, assim como a dos nossos amigos e a de todo mundo que a gente ama. É uma opção plausível olhar para a vida com mais consideração. Não sinto saudade da pressa que eu tinha antes e se você olhar as fotos da sua mãe com trinta e poucos vai ver que como ela era jovem.
Por mais clichê que seja, agradecemos pouco. Almoçamos bem, voltamos a nossa casa quentinha, dormimos com os pés limpos na nossa cama fofa. Só porque acontece todo dia, achamos que isso é normal, mas é justo porque acontece todo dia que isso deveria ser o máximo.
Esquecemos do nosso corpo. Encoste um dedo no outro, esquente as mãos com a boca. Qual é a cor que você vê quando está de olhos fechados? Eu, que só me olho no espelho para reclamar do peso, demorei 30 anos para ver que era gostoso respirar. Estamos contraditórios: glorificamos o Waze enquanto negligenciamos nossas pernas queridas, que nos levam e trazem tão bem.
Sentimos cheiro de pipoca, decoramos letras de músicas, temos uma cabeça que nos permite criar viagens imaginárias a cada promoção de passagem. Temos talento, saúde e tempo. Temos arrepios no pescoço e espaço no coração. Temos abraços honestos, um grupo da família porque temos família. Temos vontade para ganhar o mundo e motivos pra voltar.
Precisamos estar muito distraídos para ignorar o quanto temos sorte.
Que bom que estamos bem.
Que bom que estamos vivos.