Resolvi fazer uma limpeza geral. No armário e na vida.
Comecei de leve, pelas meias e cuecas: joguei as frouxas no lixo e doei aquelas que, nos últimos seis meses, nem sequer havia tocado. Foi um bom começo, acredite. O suficiente para causar, em mim, um princípio de leveza.
Depois, parti para as camisetas, calças, bermudas e blusas: doei, sem relutar, todas que não haviam sido usadas desde junho deste ano. 33 camisetas, 6 calças, 4 bermudas e 7 blusas saíram do meu armário de vez, e hoje, com certeza, estão na casa – ou no corpo, como prefiro imaginar – de alguém que as tem porque realmente precisa delas.
Com os sapatos sociais não foi muito diferente: desfiz-me de 5 pares, ficando somente com um, para casamentos. Afinal, um escritor que trabalha de Havainas não precisa de tantos sapatos, certo? Mas tem bastante gente que precisa de verdade e que, diferente de mim, não tem condições para comprar.
Então, já embalado pelo bem-estar que senti quando vi em meu armário só o essencial, eu parti para outros âmbitos da vida, disposto a me livrar de tudo que nada me acrescentava – pesos mortos que, há tempos, já estavam dificultando a minha caminhada, lerdeando meus passos e ofuscando a minha capacidade de enxergar as melhores direções.
Iniciei pelas pessoas: primeiro, desisti de tentar mudar aquelas que, claramente, não estavam a fim de mudar, apesar das tantas promessas que já haviam me feito. Depois, dei um definitivo “tchau” às pessoas-âncoras, aquelas que – por excesso de mimimi, muito ódio no coração e inveja de tudo o que não têm/são – sempre davam um jeitinho de contaminar minha vida com desesperança e negativismo. Foi ótimo, juro! Quase levitei de tão leve que fiquei. Mas ainda tinha peso desnecessário em mim…
“O que mais posso eliminar?”, perguntei-me. E logo concluí: hábitos que não geram coisas positivas, claro! Então, dei um basta considerável nas reclamações que nada resolvem: comecei de maneira gradual, reclamando um pouco menos a cada dia, e, aos poucos, fui percebendo que, quanto menos reclamava, mais coisas boas conquistava. E sei por quê. Porque comecei a investir o tempo que passava reclamando na prática de ações realmente úteis, simples assim. Troquei o “Que merda de chuva!” por um “O que posso fazer com a água da chuva?”. Após eliminar as reclamações, sem dó, cortei a jugular dos julgamentos idiotas. Se não faz diferença em minha vida, eu não meto o bedelho, esse é meu lema atual. Parei de criticar aquilo que não influencia, em nada, a minha vida. Se alguém optar por um cabelo com vinte cores, mesmo que eu ache bizarro, não direi: “Olha que escroto o cabelo daquele cara!” Porque resolvi focar minhas energias em mim e na crítica que realmente fará alguma diferença em minha vida: a autocrítica.
Por fim, ainda sentindo um peso remanescente em meu interior, resolvi me livrar de pensamentos que não me levavam a lugar algum. Pelo contrário: pensamentos que me mantinham no lugar, estagnado. Não foi fácil, confesso. Não está sendo fácil, aliás. Afinal, ainda não consegui me livrar de todos. Mas o passo mais importante eu já dei: tomei coragem para analisar meus pensamentos de uma maneira imparcial, mesmo aqueles que por muitos anos me pareceram verdades universais e indiscutíveis. E, graças a isso, descobri que portava muita coisa podre dentro da cabeça. Não foi fácil, admito. Porém, foi ótimo. Pois abri um espação para ideias melhores, que eram incompatíveis com aquelas que já me desfiz. É difícil admitir, mas parte considerável da minha mente estava ocupada por ideias ruins. Estava, pois, felizmente, já me livrei delas. Da maioria, ao menos.
E a sua vida, como está? Pense bem! Porque, para uma vida mais leve, precisará cortar mais do que o glúten, a carne vermelha e os alimentos industrializados. Para uma transformação verdadeira precisará cortar mais do que o cabelo. Mas vale a pena, pode acreditar. Quer um conselho? Comece já uma detox na vida, não espere mais.