• O amor é uma decisão
  • O amor é uma decisão


    Somos condicionados, desde a primeira palmada, a esperar que a vida nos presenteie. Crescemos acreditando numa vida ao acaso. Confiamos no destino – que tem o seu lugar, é claro – e esquecemos do detalhe mais importante de nossas vidas: nós somos autores da nossa história.

    Seguimos, clamando à vida tudo aquilo que só nós mesmos podemos construir: “Que dezembro nos traga oportunidades” “Que o novo ano me presenteie com uma nova vida” “Que o destino me traga o amor.”

    Como se o amor fosse aparecer na nossa caixinha de correio, num embrulho bem feito e com um laço dourado.

    Como se estivéssemos num filme, esperamos cruzar por acaso com o amor de nossas vidas. Quem sabe na fila do cinema, na padaria ou na universidade. Quem sabe quando eu estiver cheia de livros ele tropeçe, derrube-os e depois me ajude a recolhê-los, como naquela comédia romântica clichê que eu vi no último domingo muitíssimo bem acompanhada por um pote de sorvete de chocolate africano.

    Quem sabe ele chegue com os olhos amendoados daquele personagem da minha série preferida. Quem sabe tenha sacadas sensacionais e me beije com calma e fundo até minh’alma se sentir beijada. Quem sabe ele use camiseta e blusa xadrez sobrepostas, porque eu acho charmoso. E curta os Beatles, e tenha visto o mesmo filme que eu como que com os mesmos olhos. Quem sabe eu compreenda, no instante em que o vir, que é ele o amor da minha vida.

    Toda aspiração romântica é poesia. Belo, porque não? Alimentar os sonhos da própria alma é um talento necessário. Mas, não esqueçamos: a vida não nos deve nada. Nada será nosso se não formos corajosos o suficiente para buscar, transformar, construir.

    O amor romântico é uma utopia brilhante – mas só para os contos de fadas. Na vida real, o amor é uma decisão. Ele chega quando abrimos espaço para que se instale confortavelmente. Quando decidimos – e buscamos – o que queremos. E, sobretudo, ele só se perpetua se o fortalecermos com nossas próprias mãos.
    Então, ainda que você tenha a sorte de um amor tranquilo com sabor de fruta mordida, que te apareceu do nada como se o universo resolvesse te presentear, o ofício de construir uma relação saudável continua sendo seu.

    O amor não vem pronto, encomendado sob medida. Ele é construído pacientemente. E, por isso mesmo, é um privilégio para poucos: para aqueles que têm a coragem de enfrentar os próprios medos, desafiar as próprias projeções, desconstruir os próprios padrões de relação ideal – porque nenhuma relação será ideal se você não fizer a sua parte.

    Não compete ao acaso construir magicamente aquilo que só pode ser cultivado no fundo de nossas almas, no íntimo de nossa coragem, no mais profundo das nossas escolhas. Nossos amores são frutos das nossas convicções. Não espere tanto pelo amor – é ele quem espera muito de você.

    ass-nathalie


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