• Não tenha vergonha de se doar
  • Não tenha vergonha de se doar


    A vida muitas vezes é bruta demais para ensinar o amor. A gente se apaixona, se entrega, oferece aquilo de melhor e mais bonito que existe dentro do nosso peito, e quando não é para ser, quebra a cara. E não é uma queda muito graciosa não, na maioria dos casos é um tombo para nunca mais se esquecer de como é que se trafega pelo amor. O problema é que o acúmulo de experiências negativas tende a endurecer um pouco aquilo que a gente conhece como reciprocidade. Quando chega a hora de deixar o rio seguir o seu fluxo e desfrutar de verdade de um relacionamento, o coração simplesmente, não sabe como proceder.

    A gente abandona o jogo, mas continua desfilando como reis e rainhas em um tabuleiro de xadrez. Sempre em busca do movimento perfeito que ostentará a nossa superioridade e deixará o outro completamente sem reação. Porque na vida do lado de fora da janela da nossa relação uma premissa silenciosa dita as regras das interações sociais. Tem que ser difícil, desconfiado e manter os dois pés atrás. Ligar ou responder qualquer tipo de mensagem só se a outra metade tiver cedido da última vez. É tanto mimimi que se a gente não amadurece a bagagem pesada e libera para o universo aquilo que não agrega, perdemos por puro medo de perder (e se doer).

    Estar em uma parceria implica, acima de tudo, que as máscaras precisam ser deixadas de lado. Se a escolha foi de boa vontade, se o timing foi bacana para ambos, se ninguém permanece obrigado neste relacionamento, não há motivos para encher o copo pela metade. Não tenha medo de se doar. Tentar adivinhar se a pessoa que está ao seu lado vai ser um babaca ou se vai corresponder às suas expectativas é quase tão inútil quanto tentar segurar uma bola de sorvete com as mãos. Tudo é passível de acontecer quando se trata de amor e a grande verdade é: ou você se joga e paga pra ver, ou vai saborear para sempre o gosto amargo de quem não se entregou de verdade a algo que poderia ser absurdamente lindo.

    Sim, a gente precisa aprender com os erros é para isso que eles existem. Para no dia de amanhã, quando uma situação semelhante bater à nossa porta, se ter a escolha de abrir ou não. Mas é necessário discernir. Principalmente se a parceria já foi estabelecida. Decidiu encarar a chuva? Então se molhe. Demonstre afeto sim, quantas vezes o desejo quiser, diga que goste sim, sem receio de estar sendo precipitado ou não, esqueça as aparências, os joguinhos, o ego, o orgulho que tantas vezes nos atrasa o sentir e vive. Se não pudermos ser inteiros ao lado de quem a gente ama, seremos fiéis a nós mesmos em que abrigo?!

    Vergonha devemos ter de sustentar uma personalidade que não é nossa apenas para evitar a ferida. O nome disso é covardia. Amar e se entregar de corpo e alma é algo tão em desuso nos dias de hoje que chega a ser digno de respeito. Pessoas que sabem o momento de recuar e a hora certa de investir, essas sim foram feitas para parcerias. O resto, infelizmente, ainda não desvendou as malícias do amor. Por mais bagagens dispostas a confiar na solidez de um sentimento e por corações menos medrosos, que consigam entender que até a dor faz parte do amadurecimento emocional. Se doar para o outro e dividir tanta coisa linda que a gente carrega na alma é também acreditar que aquilo que somos por dentro é capaz de amolecer a dureza de alguém. Amor é isso, jardim que nasce em ambientes inóspitos. Deixa florir, meu amor. Deixa sorrir.

    danielle


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