• Eu mudei por mim, não por você
  • Eu mudei por mim, não por você


    Todo mundo me pergunta se foi por sua causa que eu me tornei essa pessoa que escreve aqui hoje. Seria mentira dizer que sim, seria mentira dizer que não. A gente nunca é a mesma pessoa depois que cruza o caminho de outra pessoa, mas eu não deveria te dar todo o crédito pra transformação. Digo, não é bem assim que as coisas acontecem.

    Tive lá meus grandes baques por tua causa, tive um fim bastante conturbado, tive um choro preso na garganta com direito a todos os clichês emotivos de fim de relacionamento que você possa conhecer. Te odiei, mas te odiei tanto que teve um dia que achei que explodir a sua cabeça seria pouco pro tamanho da dor que você me causou. Senti tanto a sua falta que teve um dia que achei que não me conhecia mais, que só conhecia quem eu era com você. Mas passa, viu? Passa.

    E depois que passa, depois de muito tempo – não tem por que eu mentir aqui, não vai me fazer fraca admitir que penei pra deixar você pra trás, penei pra me livrar da sua lembrança, penei muito, mas consegui -, a gente consegue admitir que mudou. Mudei pra caramba, mas não só depois de você. Depois de esquecer você também. Mudei muito, não sou nem um pouco parecida com a minha versão pós-você nem com a minha versão pré-você.

    Não vou entrar no mérito do quanto cresci pra não parecer mais um daqueles textos cheios de si que só querem pregar o outro na parede. Meu tempo de te pregar já passou. Agora chegou meu tempo de assumir uma nova identidade, lidar comigo mesma, a nova pessoa que me tornei. Porque sempre chega essa hora, a hora em que a gente admite que mudou porque não precisava e nem queria mais se ver presa a alguém que não nos fez bem. Nós acabamos assumindo uma necessidade brutal de entrar num casulo e sair diferente de lá, por nós e por tudo o que passamos, por toda história que marcou a nossa pele. Cicatrizes não se tiram, marcas de ferro também não, corações partidos não se consertam como a gente espera que eles se consertem, mas quem disse que isso é motivo suficiente pra nos prender numa dor eterna que não precisamos sentir? Nada. Escolhi deixar isso pra trás.

    Mudei pra caramba. Mudei minha forma de enxergar o mundo, mudei até de endereço. Mudei pra me fazer mais feliz, porque eu precisava. Viver angustiada só é bonito no papel, nos livros, nos filmes enquanto a gente espera uma poção mágica despertar alguma coisa aqui dentro. Mas na vida real, não. Na vida real ninguém vai dar uma sacudida na gente e gritar o quanto precisamos seguir em frente. A não ser que o sino soe e que bata essa vontade louca de mudar. Mudar pra ser melhor, mudar pra ser mais feliz. Coisa que eu fiz, não você.

    Não foi você que despertou isso em mim. Não foi você quem me disse pra fazer isso. Também não foi por você. pra tentar agradar algum ego ferido teu ou pra te fazer voltar pra mim. Nada. A beleza dessa mudança é que ela veio de dentro e pra dentro. E eu não sei se você já passou por isso algum dia, não sei se as outras pessoas já tiveram isso, mas é esclarecedor. Faz com que nós entendamos a beleza de seguir em frente de verdade, por nós unicamente e não por outra pessoa. E é nessa hora, quando a gente muda, que tudo o que aconteceu fica pra trás. E de agora em diante, bola pra frente. Sempre pra frente. Por mim, e nunca mais por você.

    daniel


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